quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

I Edição do Prêmio “Elas por Elas” agracia mulheres de destaque no RN, Brasília e Itália

 
Por Ponto de Vista On Line

O protagonismo feminino tem inspirado mulheres em todo o país a resistirem e superarem retrocessos em diversos setores da sociedade. Na capital potiguar, o dia 24 de janeiro será marcado pela solenidade do Prêmio Elas Por Ela 2018 – Mulheres que Fazem História, que homenageará de personalidades reconhecidas nacionalmente, a cidadãs que transformaram as suas vidas e seus mundos com garra e superação. O evento acontecerá no auditório do CTGAS, às 18h30.

A premiação contará com mulheres que se destacaram no ano de 2018 em diversos segmentos. É o que afirma a idealizadora da Revista Elas por Ela, a empreendedora social e fotógrafa potiguar Kalina Veloso: “A idéia é apresentar personalidades que são inspiradoras para a sociedade. O RN é o berço da história do protagonismo feminino e decidimos dar relevância e continuidade a isto”, informa a fotógrafa.

A honraria foi estabelecida por uma comissão de profissionais de comunicação da Elas por Ela, com análise e pesquisa do currículo na prestação de serviços à sociedade. Na cerimônia, as homenageadas receberão o troféu Elas Por Ela 2018 e a noite promete algumas surpresas, como na participação especial da cantora Jaina Elne e da poetisa.

Célia Melo. Na ocasião, haverá o lançamento da Edição Especial da Revista Elas por Ela, com o projeto fotográfico assinado por Kalina, na qual os leitores serão contemplados com os perfis biográficos das 39 personalidades homenageadas.

A noite também renderá outras distinções. Receberão o Mérito Profissional Elas por Ela a pesquisadora e historiadora Udymar Pessoas e as jornalistas Cledivânia Pereira, Marília Rocha, Juliana Manzano e Suzy Noronha.

REVISTA ELAS POR ELA – o projeto estreou em 2018, como um veículo impresso direcionado ao público feminino e superou as expectativas iniciais. “Hoje somos referência no RN quando o tema é o protagonismo feminino. Um material feito por mulheres, com mulheres e para as mulheres”, comemora Kalina Veloso.

SERVIÇO:
PRÊMIO ELAS POR ELA 2018
Data: 24/01/2019
Hora: 18h30
Local: Auditório do CTGAS, avenida Capitão Mor Gouveia, 2770. Lagoa Nova, Natal/RN.
Senha-convite: R$ 20,00- Parte da renda revertida para compras de alimentos para o Instituto Juvino Barreto
Contato para reserva da senha convite: 8498830-3298

Aldo Fornazieri - Flávio Bolsonaro poderá ser investigado pelo Conselho de Ética do Senado


Senado Federal
 Suspeitas sobre filho do presidente abriram primeira crise política do novo governo, cerca de 20 dias após sua posse
De acordo com professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, oposição poderá pedir que senador seja levado ao Conselho de Ética.
 
São Paulo – As denúncias e suspeitas quanto à ligação do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) com a arrecadação ilícita e com o crime organizado podem trazer implicações imediatas ao filho do presidente, Jair Bolsonaro, segundo avalia o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP) Aldo Fornazieri. Em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, ele afirma que a oposição tentará levá-lo ao Conselho de Ética do Senado. "As explicações que ele deu são pouco, ou nada, convincentes."

Nesta terça-feira (22), uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro para prender milicianos – acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco – apontou dois militares suspeitos de chefiar uma organização criminosa. Ambos já foram homenageados pelo então deputado Flávio Bolsonaro, sendo que parentes de um deles atuaram durante anos em seu gabinete e repassaram dinheiro para as contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, investigado por movimentações atípicas durante o mandato.

"Flávio pode ser investigado, evidentemente, e se ele mentiu nas explicações que ele deu tanto em relação à transferência de dinheiro para as contas dele e sobre essas questões ligadas com a milícia, se ele mentiu depois da diplomação dele, ele pode ser levado ao Conselho Ética do Senado e, eventualmente, perder o mandato", ressalta o professor.

Com 23 dias no poder, o governo Bolsonaro já enfrenta uma crise precoce, alicerçada nas suspeitas contra Flávio – o que, na análise de Fornazieri, enfraquece o governo e seus apoiadores no embate ideológico travado a partir de "questões morais" e atinge não apenas o presidente, mas também o ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Para o professor, se a situação do senador eleito se agravar, haverá apenas uma saída de contenção: "Seria eventualmente uma renúncia (ao mandato) do Flávio Bolsonaro".

Fonte: Rede Brasil Atual - RBA

domingo, 20 de janeiro de 2019

Venda é péssima para a Embraer e ótima para a Boeing, diz especialista

Resultado de imagem para imagem Venda é péssima para a Embraer e ótima para a Boeing, diz especialista

A transação evitável à Boeing encurta o voo da melhor empresa do País e ameaça os futuros aviões militares.

O governo tinha poder de veto à venda de 80% do capital da empresa privada Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, à Boeing, a maior do setor, caso identificasse risco à soberania nacional, mas decidiu na quinta-feira 10 dar sinal verde ao negócio com a justificativa de que os interesses do País estariam preservados. Não é o que parece. Mostrando desinformação e uma leitura errada da dinâmica da concorrência global, na melhor das hipóteses, o governo deu sinal verde a um negócio péssimo para a Embraer e o Brasil, mas ótimo para a Boeing, mostra em detalhes o coordenador do Laboratório de Estudos das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa da Unicamp, professor Marcos José Barbieri Ferreira, na entrevista abaixo. Dominante no segmento de jatos menores de 150 assentos, a Embraer é a única grande empresa brasileira de alta tecnologia que possui uma inserção ativa no mercado internacional. É também a principal empresa estratégica de defesa do Brasil, tendo o domínio de tecnologias sensíveis que são utilizadas em aeronaves, radares, satélites e sistemas de monitoramento. Segundo Ferreira, há um elevadíssimo risco de perda da capacitação tecnológica da Embraer remanescente, comprometendo o desenvolvimento de futuras tecnologias e produtos, particularmente aeronaves, de emprego militar. Pouco após a aprovação da operação pelo governo, a agência de classificação de risco S&P Global Rating ameaçou rebaixar a nota da Embraer, porque a transação realizada “vai enfraquecer consideravelmente o seu perfil de negócios”, devido à redução da escala. Pior ainda: a operação, mostra Ferreira sobejamente, não era imperiosa nem inevitável.
Tudo e nada. A Embraer entregou à Boeing a liderança mundial em jatos com menos de 150 lugares e corre risco de perder a capacitação tecnológica
FOTOGRAFIA: TIM BOYLE/GETTY IMAGES/AFP
Segundo Wagner Farias da Rocha, professor de Engenharia Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e aviador da Força Aérea Brasileira, “a transferência de controle da Embraer foi apresentada ao público de forma irregular e resultará na perda da capacidade da Embraer de projetar e produzir aviões, o que levará a empresa a regredir para o estágio tecnológico dos anos 1950”. Em audiência pública no Supremo Tribunal Federal, Farias da Rocha disse que o negócio não é uma joint venture, conforme anunciado, pois transfere os principais ativos para a concorrente Boeing. A empresa afirmou que a operação envolvia a aviação comercial, mas de fato estão sendo transferidas as unidades de engenharia. “A Embraer que sobrou não conseguirá desenvolver aeronaves, modelos de tipos certificados nem tem engenharia de base para suporte de serviços, modificações e alterar projeto”, previu o professor do ITA.
Para o desembargador Fausto De Sanctis, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, “a situação retratada é de verdadeira aquisição, travestida de negócio jurídico denominado ‘joint venture'”. De Sanctis manifestou-se em resposta ao recurso movido pela União contra a liminar obtida, no dia 19, pelos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Botucatu e Araraquara.
“Os apoiadores da operação foram bem-sucedidos em apresentar à sociedade como positiva uma transação que está longe de ser um acordo, é algo totalmente assimétrico e isso não foi mostrado ao público”, dispara Ferreira, da Unicamp, que a seguir detalha a transação e suas consequências.
Os países que buscam algum protagonismo evitam a desnacionalização
CartaCapital: A operação Boeing-Embraer, aprovada pelo governo na quinta-feira 10, foi apresentada pelos que a apoiam ora como fusão, ora como acordo, ora como aliança. É disso mesmo que se trata? Por quê?
Marcos José Barbieri Ferreira: A operação entre Boeing-Embraer, oficialmente denominada como uma “parceria estratégica”, na realidade resume-se a duas operações que envolvem aquisição de negócios da Embraer pela Boeing. A mais importante delas, e que foi claramente explicitada nos memorandos de entendimento divulgado pelas empresas, relaciona-se à aquisição dos negócios de aviação comercial da Embraer pela Boeing. Nesta operação, a Boeing adquire 80% do capital e, além disso, assegura para si o integral controle estratégico, operacional e administrativo dos negócios de aviação comercial da Embraer, que passam a integrar a cadeia de fornecimento e produção da empresa estadunidense em âmbito global. Todo o negócio de aviação comercial da Embraer, que vem respondendo por cerca de 58% das receitas e 90% dos lucros da companhia, será cindido e se tornará uma subsidiária sob total controle da Boeing. A segunda operação envolve a constituição de joint venture a partir dos negócios do avião de transporte militar KC-390 em novos mercados. De acordo com o que foi apresentado, a Embraer manterá o controle, mas a Boeing terá 49% desta operação. No entanto, não foi esclarecido se a mesma será restrita às atividades de venda e pós-venda, ou se também envolverá as atividades de engenharia e produção da aeronave no Brasil, ou mesmo no exterior. Também não foi definido como será a divisão do controle entre a Embraer e a Boeing nesta nova empresa. Cabe esclarecer que esta aeronave representa o principal produto da área de defesa da Embraer, com boas perspectivas de venda no mercado internacional. Em suma, o principal negócio da Embraer (aviação comercial) se tornará uma subsidiária da Boeing e o principal produto da área de defesa terá a Boeing como sócia.

CC: A aquisição da área de negócios de aviação comercial da Embraer pela Boeing era inexorável? Por quê?
MJBF: Este é o principal argumento dos que defendem a venda dos negócios da aviação comercial da Embraer para a Boeing. Segundo eles não há alternativas, ou esta operação é prontamente realizada ou a Embraer não terá condições de competir e deixará de existir num prazo relativamente curto. A partir desta hipótese, qualquer parceria com a Boeing seria melhor do que nenhuma parceria. No entanto, esta hipótese não se sustenta. Atualmente a Embraer é a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, dominando o segmento de jatos menores de 150 assentos. Dada essa posição de liderança, a Embraer provavelmente sofreria perdas marginais de mercado em razão da entrada em operação da nova família de jatos da Airbus-Bombardier, mas nada indica que perderia as condições de continuar disputando a liderança desse segmento de mercado, pelo menos nesta década. Nesse prazo, relativamente longo, a Embraer muito provavelmente teria condições de se capacitar, sozinha ou através de parcerias, para construir uma nova geração de aeronaves comerciais na próxima década.
CC: A justificativa da venda do negócio de aviação comercial da Embraer à Boeing como necessária à ampliação da escala empresarial é aceitável e suficiente? Por quê?
MJBF: Aqui se apresenta a maior das contradições relacionadas à operação Boeing-Embraer, pois parte de uma constatação verdadeira, qual seja, de que a escala é um elemento fundamental dentro do padrão de concorrência da indústria aeronáutica. Dessa maneira, a operação atende os interesses da companhia estadunidense em ampliar suas escalas, pois ela passa a incorporar os negócios da Embraer, que é, vale repetir, a empresa líder mundial do segmento de aeronaves comerciais com menos de 150 assentos. Contudo, pelo lado da Embraer temos exatamente o oposto, um desmonte da empresa, que perde sua principal unidade de negócios. Haverá uma perda de escala, a Embraer provavelmente deixará de ser uma empresa de cerca de 6 bilhões de dólares de faturamento anual, média aproximada dos últimos anos, para se tornar, grosso modo, uma empresa de menos de 3 bilhões, abaixo da metade do que é atualmente. Além disso, é fundamental esclarecer que a empresa brasileira vai perder a sinergia que existe entre as suas diferentes áreas de negócios. Ao contrário do veiculado, tal operação de desmonte resultará na diminuição da competitividade da companhia e isso já está sendo precificado pelo mercado. Por exemplo, após a aprovação da operação pelo governo brasileiro, a agência de classificação de risco S&P Global Rating colocou o rating da Embraer em observação negativa, pois, segundo a própria S&P, a Embraer terá menor escala e maior concentração de clientes na divisão de defesa.
CC: Como vê o argumento de que a concorrência com a Embraer aumentou com a entrada de novas empresas da China, Rússia e Japão e por isso era necessário vendê-la?
MJBF: As indústrias aeronáuticas russa e chinesa já concorrem com a Embraer, mas com aeronaves que são tecnologicamente inferiores e estão voltadas quase que exclusivamente para o atendimento das demandas dos respectivos mercados internos. Apenas a Mitsubishi japonesa pode ser considerada uma nova competidora, mas vem enfrentando uma série de dificuldades e atrasos no desenvolvimento do seu jato comercial, que, por sua vez, vai concorrer apenas na faixa de aviões com até 90 assentos. Há décadas não produz um único avião comercial. Em resumo, as empresas desses três países concorrem marginalmente com a Embraer.
CC: A questão tecnológica é o ponto-chave do qual não há como escapar? Por quê?
MJBF: Atualmente, observa-se uma revolução tecnológica em marcha, decorrente da implementação de um amplo conjunto de tecnologias disruptivas que estão trazendo grandes impactos sobre a estrutura produtiva mundial, particularmente sobre os setores mais intensivos em tecnologia, como é o caso da indústria aeronáutica. Nesse contexto de grandes mudanças estruturais, a Embraer é a única grande empresa brasileira de alta tecnologia que possui uma inserção ativa no mercado internacional. A competência da Embraer está em integrar um amplo conjunto de novas tecnologias para desenvolver e produzir aeronaves. Dessa maneira, a Embraer ocupa uma posição ímpar na indústria brasileira. Primeiro, por ser a grande fabricante de aeronaves do país, praticamente se confundindo com a própria indústria aeronáutica brasileira. Segundo, e ainda mais importante, por ser a única grande empresa brasileira que possui elevada competência na integração de sistemas complexos de alta tecnologia. Além disso, cabe ressaltar que a Embraer é a principal empresa estratégica de defesa do Brasil, tendo o domínio de tecnologias sensíveis que são utilizadas em aeronaves, radares, satélites e sistemas de monitoramento.
CAPITULAÇÃO. O EMBRAER 190 SUPERA MUITO O AIRBUS-BOMBARDIER 220, MAS O BRASIL NÃO QUIS USAR ESSA VANTAGEM
CC: Os defensores do negócio realizado admitem que realmente a questão tecnológica é importante, mas não havia alternativa. É isso mesmo?
MJBF: As estratégias tecnológicas que vinham sendo adotadas pela Embraer seguiam na direção correta e estavam assentadas na significativa ampliação dos gastos em P&D e no estabelecimento de parcerias tecnológicas com outras empresas, particularmente para entrar em novos negócios. Entre as principais parcerias estratégicas da Embraer, duas merecem destaque. Uma delas é excelente parceria com a empresa sueca Saab, que permitirá à Embraer ser sócia no projeto e na produção dos sofisticados aviões de caça Gripen NG. A outra parceria refere-se à participação da Embraer no revolucionário projeto do veículo urbano aeronáutico autônomo, Uber Elevate. Esse projeto vinha permitindo a capacitação da empresa brasileira no desenvolvimento e incorporação de um amplo conjunto de tecnologias disruptivas. Ademais, na hipótese de o projeto ser bem-sucedido, a Embraer provavelmente ocuparia uma posição de destaque nesse novo e promissor segmento da indústria aeronáutica. Em contraposição a essas estratégias, que vinham ampliando a competência tecnológica da Embraer, a parceria com a Boeing resultará em uma substantiva perda desta competência.
Incorporar a equipe de engenharia da brasileira era a meta da Boeing
CC: As tendências mundiais de aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em relação à receita líquida das empresas e de concentração das atividades de inovação não seria uma justificativa para operações como a realizada entre Boeing e Embraer? Por quê?
MJBF: Uma das características da atual revolução tecnológica é o elevado grau de concentração das atividades inovativas em termos de países, setores e empresas. Exatamente por isso, os países que buscam ter algum grau de protagonismo nesta revolução tecnológica estão adotando medidas concretas para proteger e fortalecer suas empresas de alta tecnologia, evitando, principalmente, a desnacionalização. Assim, a operação entre a Boeing e a Embraer vai na direção contrária das políticas que estão sendo adotadas pelos países mais avançados.
CC: A Embraer investiu em atividades inovativas mais do que a média do setor aeroespascial e de defesa e isso permitiu desenvolver a família de jatos comerciais E2, com 300 novas encomendas só na feira de Farnborough, na Inglaterra. Esse investimento contribuiu ainda para o desenvolvimento do cargueiro militar KC390, líder mundial na categoria. Esses lançamentos associados a investimentos em modernização e automatização da estrutura fabril não colocam a empresa em condições de competir com seus principais concorrentes, lançando por terra portanto os argumentos dos defensores da operação com a Boeing?
MJBF: Correto. A entrada em operação da nova família de jatos comerciais E2 e dos aviões militares, KC390 e Gripen NG, associados à ampliação e modernização da estrutura produtiva, colocam a Embraer não apenas em condições de competir com seus principais concorrentes, mas de ampliar sua escala e faturamento de maneira significativa. Somente os novos aviões militares permitiriam ampliar o faturamento anual da Embraer em pelo menos 1,5 bilhão de dólares ao longo dos próximos dez anos.
CC: Se o investimento na área de aviação civil contribuiu para o desenvolvimento do KC-390, a cisão da companhia em uma empresa encarregada da área civil controlada pela Boeing e outra destinada à aviação militar e sob controle da Embraer não poderia prejudicar futuras evoluções tecnológicas e inovações no segmento de produtos militares?
MJBF: Exatamente. O maior risco tecnológico na área de defesa está relacionado com a cisão dos negócios da Embraer, pois implicará a divisão da estrutura de engenharia e desenvolvimento, que opera de maneira integrada entre as três áreas, a comercial, a executiva e a de defesa. Dessa forma, há um elevadíssimo risco de perda da capacitação tecnológica da Embraer remanescente, comprometendo o desenvolvimento de futuras tecnologias e produtos, particularmente aeronaves, de emprego militar.
CC: Há o risco de a Embraer tornar-se apenas uma parte da atividade produtiva e comercial da Boeing e, cada vez menos, desenvolver as atividades inovativas? Por quê?

MJBF: O próprio memorando de entendimento explicita que os negócios de aviação comercial da Embraer, incluindo toda capacidade de desenvolvimento, produção e comercialização dessas aeronaves (pesquisa e desenvolvimento, engenharia, unidades produtivas, estrutura de venda e pós-venda, marketing e inteligência de mercado), serão segregados da estrutura da Embraer e passarão a fazer parte da cadeia de fornecimento e produção da Boeing. Em razão disso, as decisões estratégicas e as atividades inovativas de maior valor agregado deverão estar concentradas na Boeing, enquanto a unidade brasileira estará em uma posição subordinada dentro da cadeia de fornecimento da empresa estadunidense, tendendo a se concentrar nas atividades produtivas. Neste contexto, a capacidade inovativa remanescente na subsidiária brasileira deverá ser cada vez menor e voltada para atender a demandas específicas da matriz.
CC: Quais os riscos associados à geração de empregos no Brasil?
MJBF: Pode-se inferir que deverá existir uma significativa diminuição dos empregos relacionados às atividades de desenvolvimento tecnológico. A mudança do centro decisório para a Boeing também deverá impactar negativamente sobre as atividades de comando da companhia, como inteligência de mercado e planejamento estratégico. Em relação à cadeia de fornecedores locais, é provável que apenas as empresas que possuam maiores escalas produtivas e financeiras tenham condições de se manter na cadeia de suprimentos que será comandada pela Boeing.
CC: Qual é o interesse da Boeing em absorver a reconhecida capacidade de engenharia da Embraer?
MJBF: A Boeing possui uma elevada competência na área de engenharia, particularmente com relação à incorporação de novas tecnologias, como foi o caso do desenvolvimento do Boeing 787, cujas principais estruturas são feitas em compósitos (em geral fibra de carbono combinada com outros materiais como aramida ou fibra de vidro). Apesar disso, apresenta significativas restrições relacionadas ao envelhecimento de sua equipe, dado que os recém-formados mais talentosos preferem as empresas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para trabalhar do que a indústria aeronáutica. Por sua vez, a engenharia da Embraer, que conta com mais de 4 mil funcionários, é reconhecida pelo seu elevado dinamismo e criatividade, particularmente no que se refere ao desenvolvimento de novas aeronaves em prazos bastante exíguos. Em razão disso, a incorporação da equipe de engenharia da Embraer pela Boeing é um dos principais motivos, se não o principal motivo, da aquisição da área de negócios de aviação comercial da empresa brasileira.
CC: É possível concluir que a venda da Embraer é um ótimo negócio para a Boeing, mas um retrocesso para a empresa brasileira e o País? Por quê?
MJBF: Com certeza. A operação amplia as vantagens competitivas da Boeing, pois permite a entrada da empresa no segmento de jatos comerciais com menos de 150 assentos numa posição de liderança. Além disso, incorpora a reconhecida capacidade de engenharia e a moderna estrutura produtiva da Embraer. Por outro lado, a Embraer, tem a perda do seu principal negócio, restando uma empresa com cerca de metade do faturamento, baixa lucratividade e reduzida capacidade tecnológica. O Brasil perde a sua única grande empresa de alta tecnologia, que possuía uma inserção ativa no mercado internacional, devendo impactar negativamente no desenvolvimento de novos projetos estratégicos e na geração de superávits comerciais.
DUPLO GANHO. A BOEING LEVOU 80% DA FABRICANTE DO PRINCIPAL CONCORRENTE DO SEU 737 E AINDA 49% DOS NEGÓCIOS DO KC-390
CC: Por que a Bombardier, concorrente da Embraer, fez uma associação com a Airbus em vez de vender-lhe o seu controle como fez a Embraer em relação à Boeing?
MJBF: O desenvolvimento da família de jatos comerciais C-Series (atual Airbus 220), objeto da parceria entre a Bombardier e a Airbus, tem um logo histórico de atrasos, cancelamentos e reprojetos que resultaram num grande endividamento da empresa canadense, além de demandar um suporte decisivo de recursos públicos, tanto do governo do Canadá como da província de Quebec. A aeronave entrou em operação em 2016 e um ano depois sofreu uma elevadíssima sobretaxa do governo dos EUA. Apesar dessas condições bastante adversas, em 2017 a Bombardier e o governo de Quebec, que tinha uma participação minoritária nesse negócio, estabeleceram uma joint venture com a europeia Airbus, denominada C Series Aircraft Limited Partnership (CSALP). No entanto, os canadenses preservaram 49% do capital e mantiveram a participação no controle dessa joint venture. Além disso, ficou estabelecido que a sede da CSALP, a principal linha de montagem e as atividades correlatas permaneceriam em Mirabel, na província de Quebec. Isso foi resultado de uma decisão do governo de Quebec em conjunto com a Bombardier por considerar o projeto C-Series estratégico para o desenvolvimento tecnológico e para a geração de empregos qualificados.
CC: Ou seja, o acordo da Bombardier com a Airbus é do tipo que a Embraer deveria ter feito com a Boeing.



MJBF: Exatamente. E note-se que esse programa da Bombardier, ao contrário dos da Embraer, era periférico para a empresa, deficitário, estava com prejuízo, não envolve a área militar e ainda assim eles mantiveram 49% e o governo de Quebec — em situação similar à do governo de São Paulo, estado-sede da Embraer — entrou com participação acionária. Em contraste, o governo de São Paulo nunca disse uma palavra sobre isso, é como se a empresa não operasse no Estado. Detalhe: a Embraer é muito mais paulista do que a Bombardier é quebecois, como eles dizem, pois 95% ou mais da sua estrutura está em São Paulo. O governo de Quebec colocou bilhões de dólares no projeto da Bombardier, consciente do peso do seu poder decisório para manter a empresa e os empregos na província.
Fonte: Carta Capital

Prêmio Nobel da Paz a Lula já tem 460 mil apoiadores

Apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão em campanha para sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz, o que deve ser feito até 1º de fevereiro. Lula está preso desde abril do ano passado na superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. Sua defesa, bem como inúmeros artistas, ativistas e juristas alegam que se trata de uma prisão política, dado a fragilidade das provas e do contexto político, que o retirou do pleito presidencial que elegeu seu opositor de extrema-direita Jair Bolsonaro(PSL).

Quem idealizou a candidatura de Lula foi um ativista laureado com o prêmio: o argentino Adolfo Pérez Esquivel. A atuação do ex-presidente em relação às políticas sociais, que retiraram 30 milhões de brasileiros da extrema pobreza e tirou o país do Mapa da Fome da ONU, motivaram Esquivel. “O Nobelpara Lula ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo um novo amanhecer para dignificar a árvore da vida”, disse.

Esquivel ganhou o prêmio em 1980 após esforços em defesa dos direitos humanos, durante sua luta contra ditaduras em toda a América Latina. Como premissa para poder receber o Nobel da Paz, o comitê de julgamento ressalta: “Pessoa que teve feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz”.

O PT, fundado, entre outros, por Lula, defende a indicação do ex-presidente e destaca alguns argumentos: “Houve redução na taxa de desemprego próximo a 50%, segundo o IBGE, e uma criação de 15 milhões de novos empregos; Políticas sociais implementadas deixaram um Brasil com menos desigualdade social, pois a desigualdade média caiu 0,9% ao ano, no período entre 2003-2016; A implementação de programas de educação e saúde pública elevou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Em 2010, chegou a US $ 10,607 dólares renda média anual, à expectativa de vida de 72,9 anos, a uma escolaridade de 7,2 anos de estudo e a uma expectativa de vida escolar de 13,8 anos”

Nesta quinta-feira (17), Lula recebeu a visita da secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente. Eles conversaram sobre a petição de Lula para receber o Nobel. “Dei um relato sobre o prêmio para ele e ele fico contente (…) O presidente Lula, além de ser uma fortaleza e um ser humano excepcional, em uma relação de igual para igual, ele passa uma força, e uma lucidez política sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo”, disse Mônica.

O abaixo-assinado para que seja efetivada a candidatura de Lula já passa de 460 mil assinaturas. Entretanto, são válidas para o comitê avaliador assinaturas de um grupo específico de pessoas: membros de assembleias nacionais e governos nacionais soberanos; membros do Tribunal Internacional de Justiça em Haia; membros do Institut de Droit Internacional; professores universitários, professores eméritos e professores associados de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião; reitores e diretores universitários; diretores de institutos de pesquisa da paz e institutos de política externa; pessoas que receberam o Prêmio Nobel da Paz; membros da diretoria principal de organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz; e membros, ex-membros e ex-assessores do Comitê Norueguês do Nobel.

O prêmio

O Nobel da Paz é um dos maiores reconhecimentos do mundo. Além da Paz, existem outros quatro: Física; Química; Fisiologia ou Medicina; Literatura. A primeira cerimônia aconteceu em 1901 tendo, na ocasião, laureado Henri Dunant, fundador da Cruz Vermelha. Sua história remonta ao inventor sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite.

Após ver com desgosto as mortes que sua invenção causou, Nobel propôs, em testamento, a criação de um prêmio daqueles que servissem ao bem da humanidade. Deixou mais de 90% de sua fortuna para a Fundação Nobel. Hoje, instituições de países nórdicos organizam a cerimônia, sendo que apenas o Nobel da Paz é concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo. Os demais, ficam a encargo da Academia Real das Ciências da Suécia, da Academia Sueca e do Instituto Karolinska, em Estocolmo.

Entre os ganhadores, é possível destacar nomes como o da paquistanesa militante pelo direito à educação Malala Yousafzai, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o líder palestino Yasser Arafat, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, a ativista pela paz na Índia, Madre Tereza de Calcutá e o ativista dos direitos civis nos Estados Unidos Martin Luther King Jr.


Segundo o Coaf, Queiroz movimentou R$ 7 milhões em suas contas em apenas três anos

Foto: Reprodução/SBT


Coluna de Lauro Jardim, de O Globo, informa que, além de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, passaram pela conta do ex-assessor de Flávio Bolsonaro mais R$ 5,8 milhões.

A coluna de Lauro Jardim, de O Globo, informou neste domingo (20) que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) “sabe muito mais do que já foi revelado sobre o caso Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Flávio Bolsonaro”.
Segundo a coluna, nos arquivos do órgão federal consta que Queiroz movimentou um volume de dinheiro muito maior do que veio a público em dezembro.
Além de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, passaram por sua conta mais R$ 5,8 milhões nos dois exercícios anteriores. Ou seja, no total Queiroz movimento R$ 7 milhões em apenas três anos.
No início do imbróglio, Flávio disse que ouviu de Queiroz “uma história bastante plausível” sobre o R$ 1,2 milhão: “A gente não tem nada a esconder”.
Fonte: Revista Fórum

A certeza é que o governo Bolsonaro acabou, diz Luis Nassif

fim do governo bolsonaro
Flávio, Jair e Eduardo: investigações vão mostrar ligações dos Bolsonaro com negócios obscuros com as milícias do RJ
por Luiz Nassif, do GGN
Para o jornalista, Bolsonaro dificilmente escapará de um processo de impeachment. Nas próximas semanas haverá uma caçada implacável aos negócios da família.
GGN – “A verdade iniciou sua marcha, e nada poderá detê-la”. Emile Zola, analisando os movimentos da opinião pública no caso Dreyffus.
Há uma certeza e uma incógnita no quadro político atual.
A certeza, é que o governo Bolsonaro acabou. Dificilmente escapará de um processo de impeachment. A incógnita é o que virá, após ele.
Nossa hipótese parte das seguintes peças.
Peça 1 – a dinâmica dos escândalos políticos
Flávio Bolsonaro entrou definitivamente na alça de mira da cobertura midiática relevante com as trapalhadas que cercaram o caso do motorista Queiroz. Não bastou a falta de explicações. Teve que agravar o quadro fugindo dos depoimentos ao Ministério Público Estadual do Rio, internando Queiroz no mais caro hospital do país, e, finalmente, recorrendo ao STF (Supremo Tribunal Federal) para trancar a Operação Furna da Onça, que investiga a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Nas próximas semanas haverá uma caçada implacável aos negócios dos Bolsonaro. A revelação, pelo Jornal Nacional, de uma operação de R$ 1 milhão – ainda sem se saber quem é o beneficiário – muda drasticamente a escala das suspeitas.
No dia 07/01/2018, a Folha lançou as primeiras suspeitas sobre Flávio. Identificou 19 operações imobiliárias dele na zona sul do Rio de Janeiro e na Barra da Tijuca.
Em novembro de 2010, uma certa MCA Participações, que tem entre os sócios uma firma do Panamá, adquiriu 7 de 12 salas e um prédio comercial, que Flávio havia adquirido apenas 45 dias antes. Conseguiu um lucro de R$ 300 mil.
Em 2012, no mesmo dia Flávio comprou dois apartamentos. Menos de um ano depois, revendeu lucrando R$ 813 mil apenas com a valorização.
Em 2014 declarou à Justiça Eleitoral um apartamento de R$ 566 mil. Em 2016 o preço foi reavaliado para R$ 846 mil. No fim do ano, a compra foi registrado por R$ 1,7 milhão. Um ano depois, revendeu por R$ 2,4 milhões.
Ou seja, não se trata apenas de pedágio pago pelos assessores políticos, dentro da lógica do baixo clero. As investigações irão dar inexoravelmente nas ligações dos Bolsonaro, particularmente Flávio, com negócios obscuros por trás dos quais há grande probabilidade de estarem as milícias do Rio de Janeiro.
Peça 2 – a Operação Quarto Elemento
A Operação que chegará ao centro da questão não é a Furna da Onça, mas a Operação Quarto Elemento.
Deflagrada no dia 25 de abril de 2018 pelo Ministério Público Estadual, destinou-se a desbaratar a maior milícia do estado, que atuava na Zona Oeste do Rio.
Foram presas 43 pessoas. O maior negócio da quadrilha era a extorsão. A ala Administração atuava na 34ª DP (Bangu), 36ª DP (Bangu) e na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Identificavam pessoas que seriam alvos de operações e iam na frente, para extorqui-las.
Foram detidos 23 policiais civis, cinco policiais militares, dois bombeiros e um agente penitenciário.
O líder da organização é Wellington da Silva Braga, o Ecko, que assumiu o comando depois da morte de seu irmão Carlinhos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes. Outros irmãos participavam da quadrilha, incluindo Luiz Antônio Braga, Zinho, dono de uma empresa, a Macla Extração e Comércio de Saibro.
Carlinhos Três Pontes era o capo da milícia. Morto, foi substituído pelo irmão Wellington da Silva Braga, secundado pelos também irmãos Wallace e Luiz Antônio, conhecido como Zinho.
Vamos ao jogo de relacionamentos:
Zinho é o principal suspeito de ter contratado o assassino da vereadora Marielle Franco. Na campanha, o ato de maior impacto foi o do futuro governador do Rio, Wilson Witzel, comemorando dois brutamontes arrebentando a placa com o nome de Marielle.
Na operação foram presos os irmãos gêmeos, PMs Alan e Alex Rodrigues de Oliveira, que atuavam como seguranças de Flávio Bolsonaro na campanha de 2018. Flávio defendeu-se tratando-os apenas como voluntários sem maiores ligações. Fotos no Twitter desmentiam, mostrando intimidade ampla dos Bolsonaro – pai e filho – com os irmãos.
Três PMs membros da organização, e detidos pela operação – Leonardo Ferreira de Andrade, Carlos Menezes de Lima, Bruno Duarte Pinho  – , foram alvos de moções de louvor e congratulações de Flávio, quando deputado estadual. Dizia a moção:
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, ao longo de mais de dois séculos de imaculada existência, sempre cumpriu seu sagrado dever constitucional de proteção de nossa sociedade. (...) Dentre tais sucessos, merece especial citação e motiva a presente moção o confronto armado em comunidade localizada em Santa Cruz que culminou na prisão de diversos criminosos – dentre eles o chefe de tráfico conhecido pelo vulgo de “Zé da Colina”, possuidor de extensa ficha criminal
Segundo a Operação Quarto Elemento, “o esquema teve início quando os policiais eram lotados na 36ª DP (Santa Cruz) e continuou após a transferência do grupo para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Niterói, a partir de maio de 2017”
Peça 3 – o histórico dos Bolsonaro com as milícias
Eleito deputado federal, em 12/08/2003, Jair Bolsonaro proferiu discurso na Câmara defendendo a entrada das milícias no Rio de Janeiro.
Quero dizer aos companheiros da Bahia – há pouco ouvi um parlamentar criticar os grupos de extermínio – que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio, porque no meu Estado só as pessoas inocentes são dizimadas.
No dia 17/12/2008, outro discurso defendendo os milicianos das críticas de Marcelo Freixo, do Psol, marcado para morrer.
Nenhum deputado estadual faz campanha para buscar, realmente, diminuir o poder de fogo dos traficantes, diminuir a venda de drogas no nosso Estado. Não. Querem atacar o miliciano, que passou a ser o símbolo da maldade e pior do que os traficantes.
Eleito deputado estadual em 2007, com 43.099 votos, Flávio Bolsonaro passou a integrar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio. Na época, foi visto com uma camiseta com os dizeres "Direitos Humanos, a excrescência da vagabundagem”.
Na época, frequentava uma comunidade do Orkut “Estuprador merece a morte”.
Em seus discursos, defendia o pagamento de taxa de proteção às milícias por parte dos moradores dos territórios ocupados.
"As classes mais altas pagam segurança particular, e o pobre, como faz para ter segurança? O Estado não tem capacidade para estar nas quase mil favelas do Rio. Dizem que as milícias cobram tarifas, mas eu conheço comunidades em que os trabalhadores fazem questão de pagar R$ 15 para não ter traficantes".
Flávio atuou fortemente contra a CPI das Milícias e anunciou sua intenção de apresentar um projeto regulamentando a profissão das “polícias mineiras”, termo da época para policiais que atuavam fora dos regulamentos.
Peça 4 – a serventia dos Bolsonaro
A Operação Quarto Elemento ocorreu em plena campanha eleitoral. Deu alguma repercussão, mas as informações foram abafadas para não influenciar as eleições e a candidatura de Fernando Haddad.
Àquela altura, mídia, mercado, Círculos Militares, o general Villas Boas, tentavam pegar carona na onda anti-PT. Quando Bolsonaro passou a cavalga-la, foi poupado em nome da causa maior: ele tinha serventia. Agora, não tem mais. Pelo contrário. A cada dia torna-se um peso excessivo para ser carregado por seu maior avalista, o estamento militar.
Não é Sérgio Moro quem está vazando informações. Aliás, Moro está mais agarrado ao cargo que caranguejo na pedra. Muito provavelmente é o próprio MPE do Rio, que há tempos entendeu a extensão do envolvimento dos Bolsonaro com as milícias.
Esse processo terá consequências sobre as instituições.
Mídia – com os fatos se sucedendo, rompeu definitiva e precocemente a blindagem sobre Bolsonaro.
Forças Armadas – dificilmente manterão o aval a um governo ligado às milícias, tendo se mostrado um carro desgovernado, incapaz de se articular minimamente.
Ministério Público – com o aval da mídia, e com o impacto das revelações sobre Flávio, continuará agindo e tirando da gaveta mais informações sobre a família.
Supremo Tribunal Federal – com a opinião militar mudando, recuperará a valentia e endossará as ações da PGR e do MPE. O Ministro Luiz Fux ficou literalmente com a broxa na mão.
Senado – o caos em que se transformou o PSL, facilitando a eleição de Renan Calheiros, deixará o Senado como poder autônomo em relação a Bolsonaro, especialmente agora, que se vislumbra o desmonte da blindagem institucional.
Fonte: Rede Brasil Atual - RBA