quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

VIRGÍLIO GOMES DA SILVA, PRESENTE!

"VIRGÍLIO GOMES DA SILVA, UM POTIGUAR DE FIBRA NA BUSCA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, PRESENTE! - Eduardo Vasconcelos, Presidente do CENTRO POTIGUAR DE CULTURA - CPC/RN".
Virgílio Gomes da Silva foi o primeiro desaparecido da ditadura militar. Nasceu no Rio Grande do Norte e foi para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Na capital paulista teve inúmeros trabalhos até entrar, em 1957, na empresa Nitroquímica como operário. Lá começou a atuar no movimento sindical, liderando greves. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, depois do golpe militar de 1964, passou uma temporada no Uruguai, retornando pouco tempo depois ao Brasil.

Dissidente do PCB, em 1967, uniu-se à Aliança Libertadora Nacional (ALN), quando viajou para Cuba para fazer treinamento de guerrilha. Conhecido como “Jonas”, chegou a ser o segundo na hierarquia da organização, abaixo apenas de Carlos Marighella. Em setembro de 1969, comandou a ação do sequestro do embaixador americano, Charles Burke Elbrick e logo depois foi preso pela Operação Bandeirante, (Oban), em São Paulo.
No mesmo dia foram detidos pela polícia sua mulher, Ida, e três de seus quatro filhos. A esposa ficou presa por nove meses, permanecendo incomunicável por todo o período. Segundo diversos presos políticos, Virgílio foi morto um dia após seu sequestro. As Forças Armadas jamais admitiram o crime oficialmente.
Em 2004, foram encontrados o laudo e a foto do corpo de Virgílio. Ele tinha escoriações e hematomas nos órgãos internos e afundamento do osso frontal. Em agosto de 2009, o jornal O Globo publicou matéria divulgando um dossiê do Exército que registra o assassinato de Virgílio pela ditadura. De acordo com um documento de 8 de outubro de 1969, o militante reagiu à prisão e morreu em virtude de “ferimentos recebidos”. “Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas ou Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer (…) antes mesmo de prestar declarações”. A Comissão Estadual da Verdade de São Paulo realizou uma audiência sobre o caso de Virgílio, com a presença de sua viúva e seus filhos.

DOCUMENTÁRIO HÉRCULES 56, QUE EM QUE COMPANHEIROS DE VIRGÍLIO FALAM SOBRE O SEQUESTRO DO EMBAIXADOR AMERICANO

MATÉRIA SOBRE A VIDA DE VIRGÍLIO

COMISSÃO DA VERDADE DE SÃO PAULO FAZ HOMENAGEM A VIRGÍLIO GOMES DA SILVA

LINKS

PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO! Frente do Esculacho relembra militar que comandava sessões de tortura


Ilda segura cartaz com a foto do marido, o militante Virgílio Gomes da Silva,

Alvo desta vez foi capitão que teria sido um dos torturados 'mais furiosos' do período da ditadura

Movimentos sociais, liderados pela Frente do Esculacho Popular da Juventude, fizeram no último sábado (20), na região da Avenida Paulista, no centro de São Paulo, uma manifestação para expor publicamente um ex-militar reformado acusado de ter comandado sessões de tortura e homicídios durante a ditadura militar. O tipo de manifestação é inspirada em ações similares feitas na Argentina e no Chile chamadas de Escracho.
Cerca de 60 pessoas, segundo a Polícia Militar, fizeram uma pequena caminhada pela Avenida Paulista até a Rua Manoel da Nóbrega, endereço onde vive atualmente o ex-militar Homero César Machado, que chefiou equipes de interrogatório no antigo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) entre os anos de 1969 e 1974.
??O que fazemos aqui é reivindicar a memória das pessoas que lutaram contra a ditadura militar e também reivindicar o presente, porque hoje vemos esses torturadores impunes. Esse torturador [Machado] vive tranquilo em sua casa, não foi julgado e nem condenado, vive com aposentadoria paga com dinheiro público. O que ficou impune na ditadura dá carta branca para que esses crimes continuem acontecendo?, disse Paula Sacchetta, da Frente de Esculacho Popular.
Durante a caminhada, manifestantes colaram, em postes e latas de lixo, cartazes com fotos de pessoas que teriam sido torturadas por Machado na época da ditadura militar e distribuíram folhetos para a população informando que ??um torturador mora neste bairro?.
A frente do prédio onde Machado mora, familiares de Virgílio Gomes da Silva, que foi morto e torturado durante a ditadura militar, seguraram um megafone para dizer aos vizinhos que ali ??mora um torturador?. Uma coroa de flores foi depositada em frente ao prédio e gritos e faixas lembravam um dos lemas do movimento: ??Se não há Justiça, há esculacho popular?.
A viúva de Virgílio Gomes da Silva, Ilda Martins da Silva, acompanhou a manifestação de hoje com seu filho, Virgílio Gomes da Silva Filho e uma neta. ??Ele [Virgílio Gomes da Silva] foi morto e torturado [na ditadura militar] e está desaparecido há 42 anos?, disse ela. Ilda foi presa no dia seguinte com três de seus quatro filhos.
??Quando eu fui presa, ele já estava morto. E eu não sabia. Fiquei presa com meus três filhos. Levaram eles para o Dops e, de lá, para um juizado. Ofereceram eles [meus filhos] para doação. Fiquei presa por nove meses, quatro deles incomunicável, sem poder ver meus filhos. Fui torturada tanto fisicamente quanto psicologicamente?, disse.
O filho de Virgílio tinha 6 anos na época. ??O que sabemos são relatos de companheiros que estavam presos na época. Sabemos que no dia 29 de setembro de 1969, ele foi preso numa emboscada. Levaram ele para o Dops [Departamento de Ordem Política e Social] e bastaram seis horas de tortura para conseguirem matá-lo?, disse Silva Filho. Segundo ele, Homero César Machado foi um dos torturadores de seu pai.
A família de Vírgilio Gomes da Silva disse esperar pela condenação judicial dos torturadores da época. ??Espero sim [condenação]. Não importa o tempo que dure para a justiça chegar?, disse o filho.
O ato chamou a atenção de vários moradores da região. Vários deles apenas espreitavam a manifestação pela janela, mas alguns desceram de seus apartamentos para saber o que estava ocorrendo. ??Cumprimento o cara [Machado] há anos e nunca imaginei. Fiquei com nojo. Quando vi as fotos [dos torturados estampadas nos cartazes] e li as histórias, fiquei mesmo revoltada?, disse Sandra Gaui, moradora de um prédio próximo.
??Acho esses escrachos fundamentais porque, não é coisa dos atingidos ou das famílias. E coisa da sociedade, principalmente de jovens que abraçaram essa causa. E um pessoal que diz que a violência policial de hoje é fruto do passado e que os desaparecidos precisam ser localizados para se acabar com a impunidade?, disse Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos.
Segundo Seixas, o capitão Homero ??era um dos militares mais furiosos nas torturas?. Para ele, movimentos como esse contribuem para se fazer uma condenação moral dos torturadores, enquanto a condenação judicial ainda não ocorreu.
A Agência Brasil não conseguiu falar com Machado. Um dos funcionários do prédio informou que Machado não estava no local no momento do ato. Uma vizinha de apartamento disse que há 15 dias ele não se encontra no prédio. ??Ele sempre foi muito gentil e educado. Até tomei um susto agora com essas informações. Ele não está aí. As correspondências dele estão na mesinha do lado do nosso corredor?, disse Fernanda Teixeira de Carvalho Souza.
Fonte> CUT São Paulo

Virgilio Gomes da Silva Presente! 3 - UM POTIGUAR DE FIBRA!


Virgilio Gomes da Silva Presente! 
"Um Potiguar de Fibra, Coragem, que Morreu Lutando por Liberdade, Democracia e Contra a Opressão!!! Nossa SINGELA HOMENAGEM ao Grande Líder Revolucionário, o Potiguar,I VIRGÍLIO GOMES DA SILVA, Natural de Lagoa de Velhos...Santa Cruz, Rio Grande do Norte! Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN"

Virgilio Gomes da Silva Presente! 1 UM POTIGUAR QUE LUTOU E MORREU POR LIBERDADE!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Vaccari desmente depoimento decisivo na condenação de Lula

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto escreveu carta em que diz que o sócio da OAS Léo Pinheiro mentiu ao dizer que foi ele que intermediou o recebimento de apartamento tríplex em Guarujá para o ex-presidente Lula.
O dirigente petista também refuta a declaração de Pinheiro de que o imóvel fez parte de um esquema de propinas na Petrobras.
A declaração de Pinheiro de que o tríplex supostamente presenteado a Lula fazia parte de um esquema de propinas da Petrobras foi usada pelo juiz federal Sergio Moro e pelos desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para condenar o ex-presidente. A pena da segunda instância foi de 11 anos e um mês de prisão.
“Não é verdade o que declarou o Léo Pinheiro em depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas ao contrato desta empresa com a Petrobras. Nunca tive qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propina”, diz a carta.
Prossegue o texto: “Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado, em nome do ex-presidente Lula, o recebimento do tríplex do Guarujá como pagamento de vantagens indevidas”.
A carta, datada de 7 de fevereiro com firma reconhecida no último dia 22, foi usada pelaf defesa de Lula em recurso apresentado nesta segunda (26) ao TRF-4. Os advogados do ex-presidente afirmam que o fato de o juiz ter se recusado a ouvir Vaccari sobre as declarações de Pinheiro caracteriza “grave cerceamento de defesa”, o que resulta em nulidade.
O depoimento de Pinheiro sobre o tríplex foi decisivo para o juiz Moro condenar Lula.
Leia a reportagem completa na Folha
Fonte: Revista Fórum

Pode um juiz que é fã do réu (Moro), o considera um exemplo de 'coragem e honradez', julgá-lo de forma isenta?

Sergio Moro



Este mês está completando nove meses que o ministro João Otávio de Noronha retirou da pauta o julgamento do juiz Sergio Moro no CNJ e até hoje não voltou com ele. Dava pra ter nascido um bebê, mas do processo não saiu nada.

O processo contra Moro pedia sua condenação por haver divulgado uma conversa privada da presidenta Dilma com o ex-presidente Lula, o que nos Estados Unidos tão querido de Moro levaria até a sua prisão. Aqui no Brasil o processo se arrasta há dois anos, paradão, como costuma acontecer com processos que envolvem tucanos...

E está pardão até porque o ministro responsável pelo processo, que teoricamente poderia levar à demissão de Moro, já se declarou fã do juiz:

O Brasil precisa de muitos Moros e nós do Judiciário temos que garantir a justiça de primeiro grau. [Temos que ] saudar o juiz Moro pela coragem e honradez. [Fonte: Folha]

Como pode um fã julgar com isenção seu ídolo? Só no Brasil sob golpe...

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A ascensão eleitoral do conservadorismo evangélico na América Latina



Com diferentes ritmos e níveis de avanço territorial ao longo da América Latina, com mais sucesso em alguns países que em outros, o fato é que o discurso político-eleitoral dos líderes evangélicos está cativando as mentes e corações dos eleitores. E está capturando não somente os do seu próprio terreno, o da população que se identifica como protestante/evangélica, o que possibilita aos evangélicos conservadores sonhar com alcançar as esferas de poder que antes pareciam impossíveis.

Entre a comunidade interessada em compreender este fenômeno do protestantismo nas regiões mais pobres, e que antes não haviam mostrado interesse por essa proposta religiosa, despertou controvérsia uma obra publicada em 1990, de David Stoll, chamada Is Latin America Turning Protestant?: The Politics of Evangelical Growth (“A América Latina Está se Tornando Protestante? O Crescimento Político dos Evangélicos”, da Editora da Universidade da Califórnia, Estados Unidos). Intensificou a discussão e a análise de David Martin, especialista em tendências religiosas e seus efeitos sociais, com seu livro Tongues of Fire. The Explosion of Protestantism in Latin America (“Línguas de Fogo, A Explosão do Protestantismo na América Latina”, da Editora Blackwell Limited, Oxford, Reino Unido, também de 1990).

Os autores concordavam sobre o fato em si, o rápido crescimento do protestantismo evangélico, mas cada um fez sua própria avaliação sobre as causas do fenômeno, com pontos coincidentes e divergentes. Autores latino-americanos ou residentes em algum país do continente colaboraram para ampliar as perspectivas e responder a pergunta sobre as razões que impulsavam essa propagação do protestantismo na América Latina.

Se levantaram várias questões, entre elas: esse crescimento do protestantismo é acompanhado por alguma mudança cultural e social modernizadora? O protestantismo que se reproduz vertiginosamente consolida valores democráticos? Fortalece a criação de cidadania, entendida esta como defensora de seus direitos numa sociedade diversa e que ao mesmo tempo respeita outras identidades e convicções éticas? E finalmente: que efeitos isso tem sobre o princípio de laicidade do Estado, o vigoriza ou atua em seu detrimento?

Em termos gerais, o protestantismo que se assentou em terras latino-americanas a partir da segunda metade do Século 19 foi o de igrejas de crentes, que buscava conformar comunidades de associação voluntária, contrastantes com a religiosidade dominante (católica romana). No processo de formação de raízes, as primeiras gerações de protestantes latino-americanos adotaram o liberalismo como causa comum, por seu objetivo de romper o controle católico do Estado, para que as instituições públicas e as leis do país deixassem de favorecer a religião que durante séculos havia sido a oficial e excludente de outras.

Nas décadas recentes, os evangélicos latino-americanos parecem ter esquecido da luta dos seus antecessores por reconhecimento de seus direitos. Aquelas gerações defenderam fortemente a existência de um Estado laico, pois eram conscientes que só ele garantiria sua existência e crescimento, e nunca se propuseram a ser a religião dominante ou a penetrar no aparato governamental, para fazer do Estado uma instituição que impõe suas convicções espirituais e éticas ao conjunto da sociedade.

Paulatinamente, as lideranças evangélicas que mais têm crescido durante as décadas recentes, particularmente as neopentecostais, foram alimentando a tentação constantiniana, que consiste em ocupar os espaços de poder político para catequizar a sociedade. Por toda a América Latina, a criação de partidos políticos evangélicos, ou de inspiração evangélica, como o Partido do Encontro Social (México) ou o Partido Republicano Brasileiro (Brasil), comprovam a instrumentalização desse constantinismo (que deriva seu nome do imperador Constantino, o Grande, do Século 4), cujo anseio é o de transformar as sociedades com base numa agenda conservadora e contrária à diversificação da sociedade.

Esse sucesso político-eleitoral dos evangélicos conservadores, como o recente caso das eleições presidenciais na Costa Rica, ou a influência que tiveram no surpreendente resultado do referendo sobre os Acordos de Paz na Colômbia, há dois anos, seria um sinal potente de que o seu alcance não se restringe somente aos seus seguidores e também conquista votos da população não evangélica? Ou estaria o protestantismo conservador sintonizando com posições conservadoras já existentes na maior parte da população, e, em consequência, canalizando sua simpatia e apoio a uma corrente que expressa claramente valores com os quais se identifica?

Fato é que o discurso teológico-político do conservadorismo neoevangélico, muito rudimentar e simplificador em sua leitura da Bíblia, mostra um grande poder de convencimento sobre os setores da população, tanto de esquerda quanto de direita, que estão insatisfeitos com o establishment partidário pois consideram que estes fracassaram em construir sociedades mais justas e esperançosas. É justamente isso o que os candidatos evangélicos oferecem: esperança, num contexto desesperançoso, e nesse ponto eles acertam. Mas pode acontecer também que, como diz a narração bíblica na qual Esaú vendeu sua primogenitura por um prato de lentilhas, os desesperançados estejam vendendo suas esperanças por um mero prato de soluções mágicas.

Carlos Martínez García
No Desacato

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O País a um passo do golpe militar

O que se mostrou no Carnaval deste ano revela que situação política está caminhando para um ponto de ebulição.

Deram vitória para a escola de samba "Beija-Flor", que tinha enredo e propaganda muito direitista.

Isso diz muita coisa sobre as perspectivas políticas em geral. É particularmente importante para tentar entender as preocupações da direita e dos golpistas.

Se Lula for preso, o que pode acontecer, tendo em vista que muitos no Carnaval gritaram o seu nome?

Como fazer se ele não for candidato? Como manter a autoridade política do regime instalado com o golpe diante do povo?

Tudo isso se mostrou numa festa popular em que todo o mundo teria ido sem maiores compromissos, apenas para se divertir, sem intenções políticas.

O governo Temer, em grande medida, abandonou reforma da Previdência e muitos declararam que não têm como votá-la. Isso se dá porque a pressão popular é tão forte, até mesmo sobre os políticos da direita, que não querem votar.

Já disse anteriormente que se Temer não aprovasse a reforma da Previdência, a burguesia ia querer derrubá-lo. Ela tentou, não conseguiu, e agora ele também não consegue aprovar mais nada. Isso coloca um problema para burguesia, que precisaria eleger um candidato que fosse desconhecido da população, ou seja, não tivesse sido atingido pela crise política até agora; que tivesse condições de concorrer com Lula, que conseguisse ultrapassar o problema de que instituições de conjunto estão desmoralizadas; que tivesse base no Congresso capaz de levar adiante a política extremamente dura contra a população e que conseguisse defender essa política nas eleições contra o interesse da população.

Por tudo isso, vejo a crise que vai adquirindo a situação política pós-golpe.

No centro da crise estão, de um lado, as medidas do governo, que mostrou a que veio, e em segundo lugar o "problema Lula" que se apresenta como entrave absoluto ao desenvolvimento da situação.

Na realidade, Lula se apresenta como um entrave porque expressa a aglutinação das forças populares contra o golpe.

Não fosse Lula, teríamos seis ou sete candidatos de esquerda cada um com um programa "maravilhoso", sendo que nunca se preocuparam em ter programa nenhum.

Quando alguém apresenta um programa, como o de Manuela D'ávila do PCdoB, vemos que é um programa extremamente direitista, que não tem nada a ver com a população.

O Carnaval mostrou isso de maneira muito acentuada.

Muitos festejaram desfile da escola "Paraíso do Tuiuti" – e é pra ser festejado – pois foi uma verdadeira manifestação da luta de classes no Carnaval. O confronto com a "Beija Flor" acentuou, de um lado, o programa da direita, de outro lado, o da população contra o golpe.

Poucos, no entanto, deram a verdadeira importância para o que isso significa para a situação do país, como espelho da situação política brasileira.

Temos que tirar conclusões destes fatos para orientar nossa ação política.

O Exército, de maneira ainda mais profunda do que ocorreu em Natal (RN), assumiu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro. Temos no Rio um governo militar branco, não declarado.

Os militares dominam um dos principais estados do País, comandando todas as forças repressivas têm, portanto, controle sobre o fundamental do Estado.

Isso nunca aconteceu desde que foi promulgada a Constituição de 1988. É um fato da maior gravidade política e, se somarmos todos elementos, vemos que a intervenção no Rio é parte de um plano estratégico de controle da população.

Quando analisamos as declarações que foram feitas no sentido de que poderia haver um golpe militar, do general Mourão e outros, assinalamos que o Rio de Janeiro era cabeça de ponte da intervenção militar pois o Rio é mais vulnerável que São Paulo, por exemplo, devido ao governo em estado de colapso, os problemas de segurança pública fora de controle etc.

A discussão política sobre essa questão central no meio da esquerda foi debatida na Análise Política da Semana, pelo companheiro Rui Costa Pimenta. Resumidamente, a maior parte da esquerda não considera que a intervenção militar é um passo para o golpe militar.

Desconsideram que uma operação de grande envergadura como essa é algo que necessita de uma concepção estratégica, que se dá depois de um longo período de preparação e treinamento das Forças Armadas por meio das operações de garantia da lei e da ordem (GLO) em todo o País. Ignoram ainda que a intervenção se dá em um momento em que a situação política fica cada vez mais complicada.

A situação pode se agravar diante de problemas importantes. O "problema Lula" não foi resolvido. E se a prisão dele der lugar à rebelião popular?

É óbvio que uma intervenção militar no Rio é início de uma intervenção mais geral que poderia descambar em um golpe e uma ditadura militar.

O que nos afasta neste momento de uma verdadeira ditadura militar é o fato de que as tropas e seu comando ainda não declararam abertamente que não respeitarão o Congresso e as demais instituições e não indicaram a que comando responderiam.

Ao controlar o Rio, estão a um passo de controlar o País todo militarmente, ou seja, a um passo de golpe militar. Esse é problema que tem que ser destacado na agitação política e o objetivo de mobilizar a esquerda, os trabalhadores e todas as forças democráticas contra essa ameaça.

“Guerra contra bandidos”! Quais bandidos?

Por Theófilo Rodrigues, no blog Cafezinho:

Na manhã deste domingo desfilou pelas ruas da zona sul do Rio de Janeiro uma passeata um pouco diferente das que a cidade está acostumada a assistir. Com cerca de 300 manifestantes, o protesto seguiu até a sede do governo do estado em Laranjeiras para reivindicar do poder público mais investimentos em segurança nos bairros da região.

O pedido é inusitado, para não dizer injusto. Pesquisas e mais pesquisas já apontaram por diversas vezes que o efetivo policial na zona sul, a mais rica área da cidade, é bem maior que o do restante do estado. Regiões mais populosas e carentes de serviços públicos não recebem tanta atenção da segurança pública quanto os bairros da zona sul carioca. Reivindicar por maior concentração de recursos na região seria, portanto, apostar na ampliação da desigualdade na cidade.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Globo, Shell, Exxon, Itaú, PSDB, Estadão: os patrocinadores do evento de Sergio Moro

Vamos dar uma olhadinha em quem são os patrocinadores do evento de Sergio Moro?

Sim, até o PSDB

1- PSDB e DEM: Moro não prendeu a irmã de Aécio, que continuou negociando propinas e foi presa (e solta) pelo STF em 2017. Em quase 5 anos de Lava Jato, Moro não prendeu nenhum membro do PSDB nem do DEM.


2-Shell, Exxon, BP, Statoil: Todas elas foram beneficiadas pelo governo Temer (amigo de Moro), levaram todo o petróleo do pré-sal por um preço 300 vezes mais barato que o valor de mercado. Na Inglaterra, Temer é chamado de MiShell Temer, pois está envolvido com negócios espúrios da empresa. Mais de 1 trilhão de prejuizo ao Brasil. Quem organizou a venda foi José Serra e Aloysio Nunes (do PSDB).


3- Itaú e Santander: O Itaú teve 25 bilhões de dívidas fiscais perdoadas no governo Temer e o Santander, aquele banco que mandou seus correntistas não votarem em Dilma e votarem em Aécio, teve 300 milhões de reais perdoados.

4- Bradesco: O Bradesco foi beneficiado por um "erro" do Banco do Brasil no governo Temer e ganhou 5 bilhões de reais ao vender títulos que não valiam nada. Que sorte, né?

5- Globo, Folha, Estadão: As três empresas que alimentam a fama do juiz e tentaram transformá-lo em uma figura heróica e honesta, símbolo do combate à corrupção. Mas a máscara caiu.

Mostre essa foto para seus amigos que ainda acreditam nesse juiz BANDIDO, que ganha milhões dando palestras em nome de uma fama fabricada pela midia (item 5) e enfrenta acusações de pedidos de propinas. Nenhum grande bandido está preso na Lava Jato, todos já estão soltos e a operação é apenas um instrumento de pereguição política ao ex-presidente Lula.

Fonte: http://www.plantaobrasil.net/news.asp?nID=99735 - Em 18/02/2018

"Não sou ativista", diz diretora de documentário sobre impeachment

Impeachment
Sem narração nem entrevistas, filme foi feito com base em mais de 400 horas de material
Em entrevista à DW, documentarista Maria Augusta Ramos comenta produção de "O Processo" e recepção no Festival de Cinema de Berlim.
O documentário O processo, sobre o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, teve sessões lotadas seguidas de aplausos e gritos de "Fora, Temer" desde que estreou, na quarta-feira 21, no Festival de Cinema de Berlim.  
O filme da documentarista Maria Augusta Ramos foi feito com base em mais de 400 horas de material e tem 137 minutos, sem narração nem entrevistas. Ele retrata a tramitação doprocesso no Senado – a votação na Câmara é o prólogo – e os bastidores da defesa da ex-presidente.
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Em entrevista à DW, a cineasta comenta o processo de produção e a recepção do filme, que concorre na mostra Panorama da Berlinale, um dos mais importantes festivais de cinema do mundo.

DW: Você já possui um histórico de produções sobre o sistema judiciário brasileiro (Justiça, Juízo e Morro dos Prazeres). Como veio a decisão de filmar esse momento político?
Maria Augusta Ramos: Primeiro, porque esse momento político é um momento fundamental na história do Brasil. É um momento cujas consequências ainda viveremos por muitos anos. Em segundo lugar, porque eu faço filmes sobre realidades, personagens ou situações que me inspiram e me dão tanto angústia, quanto uma necessidade de compreensão. Eu faço filmes para compreender melhor uma situação e me interessa ver e refletir sobre a sociedade através do sistema judiciário, principalmente o teatro da justiça. O impeachment foi um processo, sim, politico, mas político-jurídico. E a proposta era justamente documentar e refletir sobre esse momento histórico através desse teatro da justiça, através desse processo político-jurídico.

DW:E como O processo pretende ajudar na compreensão deste momento histórico?
MAR: O processo do impeachment foi muito confuso, muito caótico. Muitos elementos não vieram à tona, ou foram suprimidos para que não viessem à tona, para que não elucidassem as razões da acusação e das denúncias contra a presidente. Para mim era importante retratar essa dinâmica em toda a sua complexidade, possibilitar que essas outras narrativas também viessem à tona. Era importante dar outros elementos ao público, para que ele pudesse refletir sobre esse momento histórico. Eu acho que um filme, um documentário, não pode ser só a minha visão como ser social e político. Eu não faço filmes para defender uma tese. Se eu soubesse o que dizer, eu diria em duas linhas. Um filme tem que retratar um momento, retratar os argumentos de ambos.

DW: Mas O processo se concentra na perspectiva da defesa.
Não é que seja a perspectiva da defesa: eu acompanho muito mais os bastidores da defesa porque a defesa me deu esse acesso. Eu tive acesso a reuniões da liderança da esquerda, da minoria que era contra o impeachment. A oposição não me deu esse acesso. Se tivesse dado, eu certamente teria filmado mais. Mas eu acho que era importante, sim, apresentar o argumento da direita, o argumento pró-impeachment. Para expor isso, eu escolhi, por exemplo, o senador Cássio Cunha Lima, que tem uma lógica de argumentação inteligente, ou que, pelo menos, faz sentido. Também, a advogada Janaína Paschoal, que, independentemente de você concordar ou discordar dela, teve um papel essencial no impeachment. Essas pessoas são ouvidas e contempladas no filme, mas, sem dúvida, eu tive muito mais acesso à perspectiva da esquerda.

DW: E esse acesso foi pleno?
Eu tive um acesso muito bom ao Senado e à defesa. Em poucas exceções foi pedido que a nossa equipe se retirasse. Eu fui a muitas e muitas reuniões, tive praticamente cem por cento de acesso. Claro que nunca é cem por cento, mas também não acho que isso tenha afetado o filme. É importante dizer que eu tive independência total. Em nenhum momento precisei pedir autorização para terminar o filme. O filme foi exibido depois de pronto.

DW: A ausência de narração ou entrevistas é característica de seus filmes, e com O processo não é diferente. Isso pode ser entendido como uma forma de buscar neutralidade?
Eu não acredito em neutralidade, acho que um filme é uma visão de mundo. Meu filme é o meu statement, é a interpretação da minha experiência cinematográfica vivendo e filmando tudo o que aconteceu – filmando e editando. Mas eu também não estou aqui para explicar, especialmente numa situação tão complexa quanto essa. O que eu quero é possibilitar questionamentos. Me interessa documentar a sociedade em que vivemos através da interação entre as pessoas, através dos gestos, dos discursos, muito mais do que alguém falando para mim o que ele acha de si mesmo. Eu acho que um filme tem que mostrar para aquela pessoa elementos dela mesma que talvez nem ela conheça. A câmera é capaz de ver coisas que nós jamais veríamos. Acho que essa é a capacidade infinita da câmera, do cinema que eu tento fazer.

DW: A estreia no festival foi precedida por uma pequena manifestação pró-Lula e Dilma, com cerca de 20 pessoas, próximo ao Palácio da Berlinale, e seguida de gritos de "Fora, Temer" na sala de cinema. Como você vê a recepção do filme em Berlim?
A recepção é maravilhosa, o filme foi aplaudido de pé. As pessoas se comovem porque é algo ainda muito próximo. Nós não sabemos para onde isso vai, e isso é angustiante e doloroso. Quanto ao protesto, eu acho que as pessoas têm direito de expressar a sua preocupação em relação ao que está acontecendo, mas eu não fui ao protesto e ele também não foi organizado por mim. Eu não sou ativista, eu sou diretora de cinema. E o meu statement é o filme. Essa é a minha contribuição para esse momento que estamos vivendo.

Fonte: Carta Capital

Censura: Cobertura da EBC sobre Fórum Mundial da Água terá de passar pelo crivo do governo

Repórteres denunciam que a produção de material terá o objetivo específico de reproduzir conteúdo favorável ao Executivo – Foto: EBC
Contrato assinado com a ANA condiciona a divulgação de material sobre o evento em todos os veículos e programas da empresa mediante “autorização”; repórteres protesta.
A mais nova polêmica que repercute entre políticos e jornalistas que atuam na capital do país envolve a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e está relacionada diretamente ao Fórum Mundial da Água e à produção de reportagens, com objetivo específico de reproduzir conteúdo favorável ao Executivo. O imbróglio foi denunciado por repórteres que se recusam a fazer tais matérias ou, no caso de terem que fazer, colocar crédito na autoria do material. As informações são de Hylda Cavalcanti, da RBA.
Tudo teve início quando a EBC assinou contrato com a Agência Nacional das Águas (ANA), para divulgação e cobertura do Fórum. A ANA é uma das patrocinadoras do evento e o contrato assinado é da ordem de R$ 1,8 milhão. Segundo informações de um ex-executivo da empresa, a diretora-geral, jornalista Cristiane Samarco, foi designada pela presidência da EBC para ser a responsável pelo contrato, que não teria qualquer ilicitude.
Mas o documento exige que o conteúdo para promoção do Fórum, que vem sendo feito desde 31 de janeiro e vai até 30 de abril, antes de ser publicado por todos os veículos da EBC, passe pelo crivo da Agência Nacional de Águas, autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.
O argumento dos servidores da EBC está ligado diretamente à legislação sobre a empresa, que tem sido criticada por ter passado por várias mudanças no seu formato inicial desde o início do governo Temer. Uma vez que, conforme vinha sendo observado até agora, a publicação de material autorizado pelo governo deveria ser feita apenas pela TV NBR e pelo programa “Voz do Brasil”, não pelos demais programas e serviços da empresa como a Agência Brasil e a TV Brasil, que têm caráter público, e não estatal.
Até 2016, a EBC vinha atuando em uma linha de independência na comunicação pública e o presidente na época, Ricardo Melo, eleito por um conselho para mandato de quatro anos, foi destituído para entrada de nova equipe indicada pelo Palácio do Planalto.
No caso mais recente, o contrato firmado com a ANA teve dispensa de licitação. Foi assinado em 15 de dezembro passado e o total do montante é R$ 1.799.750,93.
A polêmica reside no fato de a legislação da EBC, de 2008, ter sido modificada no ano passado na parte que exigia “autonomia da empresa” em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão.
A assessoria de imprensa da empresa divulgou, no início de fevereiro, uma nota afirmando que seu jornalismo não estaria submetido à ANA nem ao Fórum e negou que as pautas sejam definidas pela Agência de Águas, embora tenham de ser aprovadas pelo órgão. A EBC também argumentou que o tema a ser debatido no evento é de interesse “tanto da NBR do governo federal, como das oito emissoras públicas de rádio da empresa”.
“Estimular o debate e produzir informações sobre o bom e o mau uso da água, o reuso, o compartilhamento da água, a crise hídrica, o saneamento básico são tarefas das quais uma empresa pública de comunicação não pode se omitir. Estes temas são de interesse tanto da TV NBR (do governo federal), como das oito emissoras públicas de rádio, da Agência Brasil, TV Brasil e Voz do Brasil”, diz a nota.
Entre os repórteres dos programas da emissora e junto a parlamentares que instalaram, na última semana, uma subcomissão para acompanhar todos os trabalhos do Fórum, entretanto, o ambiente é de preocupação. Os repórteres, em sua maior parte, evitam divulgar posições em público para não sofrerem retaliações, mas estão sendo orientados pelos sindicatos de cada estado onde atuam sobre a forma de conduzir a questão. Mas estão determinados a protestar contra o contrato.
A posição deles foi confirmada por meio de nota veiculada numa rede social por um dos diretores da EBC, Alberto Coura, na qual ele admite a posição dos repórteres da empresa e pede orientações a outros editores sobre como agir diante da questão.
Já entre os integrantes do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) o assunto suscita um debate sobre a situação da empresa como um todo, o que deve ser tratado na próxima reunião do colegiado.
Senadores da oposição que vão participar do Fórum Mundial da Água também reclamaram da possibilidade de suas declarações e dos painéis de que pretendem fazer parte tenham divulgação vetada na EBC. Muitos deles pretendem fazer, no evento, críticas pontuais à política de recursos hídricos em vigor atualmente e à falta de recursos para obras voltadas para o compartilhamento e gestão da água no Orçamento da União.
“O compartilhamento da água é um assunto muito sério, sobretudo para nós que temos passado por crises de escassez em vários estados. Queremos discutir todas as alternativas, apresentar sugestões e tratar com todos os países envolvidos no evento, sobretudo, a questão do orçamento limitado dos governos para recursos hídricos”, disse, na última semana, o senador Jorge Viana (PT-AC).
Viana será coordenador da comissão de parlamentares brasileiros no evento. Ele pretende fazer críticas sobre a falta de prioridade do governo brasileiro e falar sobre a Proposta de Emenda à Constituição que assegure o acesso à água para todos os brasileiros.
O evento
Fórum Mundial acontecerá a partir do dia 18 de março em Brasília (vai até o dia 23) e será realizado pela primeira vez num país do Hemisfério Sul. O evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água (WWC, sigla em inglês para “World Water Council”) e tem sido realizado em países diversos desde 1996.
Esta será a 8ª edição e estão sendo esperadas cerca de 400 instituições relacionadas à temática de recursos hídricos, de aproximadamente 70 países. Devem participar cerca de 6.700 representantes políticos de mais de 150 países e a realização de 250 sessões, com participação da sociedade civil, empresas públicas e privadas, universidades e organizações não governamentais de todo o mundo.
O Fórum já foi realizado nas cidades de Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).
Fonte: REVISTA FÓRUM

Como foi o encontro do Bolsonaro que acompanhei aqui no Japão

Fiquei curioso pelo motivo de tais reuniões, dadas as recentes transformações políticas sofridas recentemente pelo Japão, em sintonia com a onda mundial de liberalismo econômico, retrocessos e conflitos: a cara do Bolsonaro – Foto: Divulgação
O pré-candidato, que norteia toda sua campanha pela questão da segurança pública e violência, resolveu se afastar do Brasil no momento em que uma intervenção militar ocorre por lá.


Bolsonaro vem ao Japão acompanhado de uma comitiva de parlamentares – de cara a notícia já chamou minha atenção, não só pela figura polêmica que a personagem criada pelo deputado representa, mas também por conta do momento em que ocorre a visita ao Oriente tão distante.

O pré-candidato, que norteia toda sua campanha pela questão da segurança pública, violência e apoio à intervenção militar, resolveu se afastar do Brasil e, em especial, do Rio de Janeiro (estado que o elegeu como deputado federal pela sétima vez) justamente no momento em que uma intervenção militar ocorre por lá. Será que é porque o discurso do aspirante a candidato não condiz com seu real relacionamento com as Forças Armadas?
Ora, se a intervenção militar não resolveu nenhuma situação caótica  de violência em todas as vezes que ocorreu na Cidade Maravilhosa, se há outros interesses por trás do acionamento das Forças Armadas como já houve em outras épocas, se a bandidagem está armada com equipamento de uso exclusivo do Exército ou se o deslocamento custa muito aos cofres públicos sem nenhum retorno, nós não ouvimos nenhum desses fatos curiosos serem apontados pelo deputado, durante sua fala, ou mesmo em nenhuma pergunta formulada pelo seu público de cerca de duzentas pessoas, que demonstrou apoio e tietagem na cidade de Hamamatsu, na manhã deste domingo (25).
Bolsonaro baseia seu discurso no antipetismo, na punição aos bandidos e no nióbio. Seu olhar distante parece ficar nesses elementos que causam excitação na plateia simpatizante, ainda que não muito entusiasmada como costumam ser outras plateias de outros ambientes. Um de seus apoiadores justifica dizendo que aqui no Japão é assim mesmo. Será?
Eu tinha que estar presente pra ver se ele, mais uma vez, soltaria alguma declaração típica da personagem polêmica que constrói e, principalmente, se possível realizar registros para que não ficassem qualquer dúvidas de que alguém estivesse querendo inventar fake news para desmoralizar ou favorecer o deputado.
A primeira notícia que vi acerca da vinda do deputado dizia respeito à sua visita de três dias, juntamente com uma comitiva, que incluía os deputados Luiz Nishimori (PR), Onyx Lorenzoni (DEM) e seu filho Eduardo Bolsonaro (PSC), para encontros com empresários da Federação de Indústrias do Japão, o ministro das Finanças e vice-premier Taro Aso e o deputado Takeo Kawamura, além de um bate-papo com seus apoiadores. Fiquei curioso pelo motivo de tais reuniões, dadas as recentes transformações políticas sofridas recentemente pelo Japão, em sintonia com a onda mundial de liberalismo econômico, retrocessos e conflitos: a cara do Bolsonaro.

No entanto, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a matéria apontar que quem arcaria com as despesas da viagem seria o governo japonês. Afinal, afinal que interesse teria uma nação estrangeira em arcar com as despesas de um presidenciável brasileiro, em ano de eleições, que se autoproclama como nacionalista? A resposta a essa pergunta eu não sei, mas, em entrevista ao Estadão, o próprio afirma que quem pagou pela viagem foi Bolsonaro, que ironicamente possui, em conjunto com os filhos, uma fortuna maior que a do ex-presidente Lula, segundo dados de declaração de patrimônio publicados com aval da Justiça Eleitoral comparados às informações levantadas pelo processo que acusou e condenou Lula, injustamente ou não. Em uma das falas Bolsonaro alerta: não podemos mais confiar na Justiça do Brasil; e que quem deu a declaração sobre a viagem ser por conta do governo japonês tenha sido o deputado Luiz Nishimori, à Folha de São Paulo, e reproduzida pela revista Alternativa, da comunidade brasileira no Japão. Essa declaração impressiona e pode influenciar o eleitor brasileiro da zona eleitoral de Nagoya ou Tóquio, impressionado demais com a nação que escolheu como saída para resolver seus problemas, atribuídos à esquerda e à política pela linha de opinião que parece orquestrar essa “Onda Esquerda”.
E é aí que acontece uma linha de sintonia fina e sútil, como só as mais loucas teorias de conspiração são capazes de fazer despertar: uma indignação impávida, apaixonadamente, tranquila e infalível, cheia de axé e afoxé e que surpreenderá a todos, não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio (Arigatou, Caetano). E isso assusta os atentos, mas ainda mais esse índio que virá aos desavisados. Só entenderá quem conhece a canção “Um Índio” – Doces Bárbaros.
Pois bem, imagine que você acha um absurdo que em um país mestiço como o Brasil possa ter apoiadores dos ideais nazistas e que, supostamente entre esses, haja uma afinidade com Bolsonaro – ele nega, apesar da carta de apoio apreendida em ação penal contra neonazistas, que segue em segredo de Justiça; o apoio ao parlamentar de grupos ligados a esses ideais e até a fotografias de um dos integrantes, todo caracterizado como o próprio Hitler. Se você já acha isso um absurdo, o que diria se soubesse que um japonês é alinhado com os métodos do líder nazista, que assusta só pelo nome? Pois bem, esse japonês é Taro Aso, hoje vice premiê e ministro das Finanças, além de presidente do PLD. Aso é um japonês atípico, extraiu diamantes em Serra Leoa, é católico e parece que fala português fluentemente, tendo passado algum tempo no Brasil na década de 60. Sua carreira política é impressionante, inclusive, ocupando o cargo de primeiro-ministro no passado e, hoje, figurando como braço direito de Shinzo Abe (ou será que, na verdade, seria o contrário no “backstage”?).
Em agosto de 2016, Aso declarou na residência oficial do primeiro-ministro, para um grupo de parlamentares co-partidários, que “Hitler tinha seus motivos”, no intuito de convencer seus liderados de que a história se lembra dos políticos pelos resultados alcançados, independentemente de seus motivos. Posteriormente, Aso vai a público e se corrige, dizendo que Hitler, que assassinou milhares de pessoas, não foi bom, mesmo que seus motivos estivessem corretos…?!, de acordo com a agência Kyodo de notícias. Forçado pela oposição, reconhece que foi infeliz, ainda que tenha deixado claro que seus sentimentos não eram condizentes com suas declarações.
Mas essa não foi a primeira vez que Aso exaltaria o líder nazista. Em julho de 2013, ele indaga por que os japoneses não podem aprender com os nazistas, que alteraram sua Constituição Weimar (Constituição do Império Alemão) de forma despercebida, aprendendo com suas técnicas. Essa, entre outras declarações polêmicas e provocativas. Amanhã ocorre o encontro entre Taro Aso e a comitiva Bolsonaro. Seria essa uma semelhança que é pura coincidência, ou mais um detalhe pra somar à quantidade de absurdos inacreditáveis que parecem rondar essas figuras?
No mais, em suas falas vemos Bolsonaro sendo Bolsonaro, usando e abusando do sentimento antipetista que já vai saindo de moda, dizendo que se eleito vai encher seu ministério de militares, pois os petistas encheram de terroristas. Diz que ninguém respeita o que não teme, fala sobre pedofilia, Olavo de Carvalho, nióbio acusando a China sem mencionar a exploração britânica e afirma que encontrou com uma autoridade japonesa, que não quis identificar, com quem pretende fazer um acordo de cooperação para explorar o potencial da Amazônia em conjunto com a tecnologia japonesa, se contradizendo com o discurso que usa para a questão dos recursos minerais.
Bolsonaro desconversa ou passa o microfone para outro integrante da comitiva toda vez que o assunto não envolve violência, segurança pública ou questões militares. Diz que quem pode mesmo fazer alguma coisa são as pessoas, cada um na sua competência, e que ele é só um capitão, mas que quer ser presidente.
No Japão, Bolsonaro parece ter alguns simpatizantes em membros da comunidade brasileira, entre eles a mídia que divulga a presença de 500 apoiadores o acompanhando desde sua saída da estação do Shinkansen, em Hamamatsu, até o local do evento. Temos imagens que desmentem a informação, além do que o local do evento aguardava 200 pré-inscritos para ingresso no local e mais a instalação de telão no estacionamento, para quem não conseguisse entrar. No entanto, acabaram liberando a entrada para todos, no espaço onde funciona o restaurante do comércio de produtos brasileiros, que, segundo informações obtidas com um dos responsáveis pela organização do evento, comporta no máximo 180 pessoas. Não houve aperto nem tumulto, dava pra circular livremente no salão, isso com uma equipe de cerca de 20 seguranças, funcionários do estabelecimento, comitiva e imprensa incluídos.
Bolsonaro pode ser várias coisas, mas não podemos negar que é uma figura caricata. Ele entra no recinto e diz: “Antes de começar me permita…”, se vira para a bandeira japonesa e bate continência, causando frenesi em seus…fãs?! Sim, fãs, acredite, tem gente inteligente que apoia Bolsonaro, gente que está cansada da política de coalizão. Ele sabe disso e explora esse caminho. Algumas pessoas fazem perguntas complexas e merecem respeito, são pessoas que enxergam nele alguém que não vai se corromper, que será diferente e, por mais que possam ser desavisados, devem estar tão cansados de dicotomia e bipolaridade quanto qualquer um de nós que acredita estar fazendo a coisa certa. Por isso, a boa política deve ser praticada, resolvendo em paz os conflitos que nos separam e nos unem. E foi justamente por isso e pela transparência que resolvi sacrificar meu domingo de manhã com a família, de uma vida corrida como dekassegi, para acompanhar essa comitiva, que em tantos assuntos tenho divergências e que apesar delas não me sinto no direito de manipular, distorcer ou inventar qualquer informação pra bem ou pra mal.
Duda Fujiwara
Fonte: Revista Fórum