quinta-feira, 31 de maio de 2018

SINDICALISTA PASSIFIQUENSE PARTICIPA DO 7º ENCONTRO SINDICAL NACIONAL DO PCDOB NO RIO DE JANEIRO!

 Foto: JOSÉ CLAUDIO - Passafiquense (Passa e Fica/RN), atuando no Movimento Sindical e Partidário (PCdoB-RJ), no Rio de Janeiro/RJ, participando do 7º Encontro Sindical Nacional do PCDOB, no Rio de Janeiro

Plenário de debates do 7º Encontro Sindical Nacional do PCdoB
Nivaldo Santana, secretário sindical nacional do PCdoB
NIVALDO SANTANA - Secretário Nacional do PCdoB
O 7º Encontro Sindical Nacional do PCdoB, que iniciou-se hoje (31/05) e irá até amanhã (01/06) em São Paulo, reuni aproximadamente 200 participantes, incluindo lideranças e secretários sindicais do partido. O encontro debate a conjuntura pós-golpe e tarefas dos comunistas no movimento sindical e estruturação do Partido entre os trabalhadores, informou ao Portal Vermelho Nivaldo Santana, secretário sindical nacional do PCdoB.

O dirigente fez a intervenção inicial do encontro abordando o contexto sindical. No mesmo dia, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo proferiu palestra sobre a situação política do país. Amanhã sexta-feira (1), a partir das 9h, a dirigente Raimunda Gomes explanará sobre a estruturação do Partido entre os trabalhadores e em seguida haverá a intervenção de Ricardo Alemão Abreu sobre Política de Organização do PCdoB. 

Ainda na sexta, Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) fala sobre “Sustentação do projeto estratégico da central” e Gilda Almeida intervêm sobre o fortalecimento do Centro de Estudos Sindicais. Às 16h, a pré-candidata do PCdoB à presidência da República, Manuela D´Ávila participa do ato político do encontro.

Alternativa ao Brasil pós-golpe

“A luta do movimento sindical classista é para que a gente consiga reverter o golpe que tomou de assalto o país. Enfrentar a falência da política econômica e social e esse conjunto de medidas como a reforma trabalhista reacionária, a reforma sindical, a terceirização irrestrita. É importante revogar essas medidas e adotar um novo projeto nacional de desenvolvimento com democracia, soberania e valorização do trabalho”, declarou Nivaldo.

Segundo o dirigente, o encontro está sendo servido para atualizar a tática do partido para enfrentar a conjuntura e preparar os trabalhadores para as eleições de outubro. “As eleições de outubro podem reunir condições para uma viragem política do nosso país se nós conseguirmos formar um programa unitário, uma convergência programática, uma convergência política do campo de centro esquerda das forças democráticas, populares e patrióticas. Nós podemos reunir força suficiente para inaugurar uma era diferente dessa do brasil pós-golpe”, enfatizou Nivaldo.

De acordo com ele, é fundamental fortalecer a organização do PCdoB nos locais de trabalho e a unidade sindical com segmentos do movimento popular e social. “Para que os trabalhadores tenham protagonismo para enfrentar as mazelas do governo golpista é preciso que tenham clareza política. Ter um programa definido e precisa jogar um papel bastante forte na conjuntura. Lutamos por um movimento sindical politizado, organizado e sabendo dar sua cota para tirar o Brasil do atoleiro” Finalizou.

" O passifiquense, JOSÉ CLAUDIO, atual tesoureiro do SECRJ (Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro e membro do PCdoB -RJ, participa do encontro, dando assim sua parcela de contribuição aos debates ocorridos hoje e evidentemente amanhã, quando se encerra o encontro, também participará do ato político.

O Zé Claudio popularmente conhecido nos confidenciou que o mesmo tem projetos para retornar a sua cidade natal, que a cidade de Passa e Fica, localizada na Região do Agreste Potiguar, com vários projetos em mente!  Vamos aguardar, lembrando que a sua presença na nossa região fortalecerá não só o movimento sindical, mas sem dúvida algunha também fortalecerá a política local e por que não dizer a regional e estadual! Só nos resta aguardar! "
Fonte: vermelho.org.br
Adaptado pelo pcdobnovacruzrn.blogspot.com

PAÍS SE REVOLTA CONTRA SI E NÃO SABE



Por Vinícius Torres Freire
Um tanto como no junho de 2013, no maio de 2018 há uma revolta quase geral dos brasileiros contra si mesmos, mas os revoltados não sabem disso. 

Acreditam que a culpa de tudo que está aí é do bode expiatório de duas cabeças, a corrupção e a política, que nos impede de chegar até o fim do arco-íris, onde se encontra o pote de ouro a ser aberto e dividido para benefício geral, sem conflitos.

Pesquisa  Datafolha mostra que 87% dos brasileiros são a favor da paralisação dos caminhões. Também 87% recusam a solução de aumentar impostos ou cortar gastos a fim de pagar a conta do diesel. 

Caso os caminhões continuem parados, 88% acham que o governo deve continuar a negociar uma solução, sem recorrer à força. 

Mais da metade dos brasileiros, 56%, acha que o paradão caminhoneiro deve continuar, sem mais.

Quase nove em dez brasileiros estão em revolta desnorteada, uma escassa explicação restante para o apoio quase irrestrito a um protesto que está ou esteve à beira de levar economia e relações sociais ao colapso. 

Anos de recessão, de escândalos corruptos e a nova revolta contra impostos e governantes em geral acabaram com a paciência.

Uma elite política quase toda desprezível e que sequestrou o país acabou com a esperança. 

A classe dirigente toda, elites de variada espécie, não são muito melhores, pois tolera essa escória, quando não é cúmplice.

Mas o povo que se revolta contra a mão pesada dos impostos é o mesmo que quer a mão do governo a balançar o berço, subsídios para todos. 

O neopopulismo diz que não há conflito social e político na disputa por recursos públicos e privados. O inimigo é o governante malvado, o corrupto.

As principais lideranças políticas, numa combinação de ignorância, irresponsabilidade e oportunismo demagógico, deixam circular por aí a ideia de que há maná para todos, que não há apropriação excessiva ou indevida de recursos públicos ou injustiças outras. 

Essa fantasia está para acabar, de um modo ou de outro. Os recursos públicos chegarão ao limite no ano que vem ou em 2020.

Sem cortes e rediscussão da divisão do bolo, a disputa será feroz e nenhuma saída será indolor.


Candidatos a presidente ratificam a ilusão geral de que 
combater a corrupção ou cortar cargos comissionados pode dar conta do problema. Líderes do Congresso dizem que há sobras orçamentárias.

O paradão caminhoneiro e suas repercussões são um ensaio geral para a crise fiscal que virá. 

Pode ser uma explosão, se tentarem resolvê-la por meio de mais endividamento. Pode ser uma agonia crônica, morte nacional lenta, se for resolvida apenas no corte de gastos, sem mudanças estruturais. Pode ser uma inflação, com o que a vida será um inferno, mas um tanto mais fresco para os ricos, com a miséria ficando para os mais pobres. 

Mas a crise virá. Como eu já escrevi em julho de 2013: “O povo das ruas vai descobrir que o pote de ouro é pequeno; que redividi-lo vai exigir conversa ou conflito. Talvez descubra que boa parte do ouro não está no castelo estatal. No fundo desse castelo do tudo que está aí, enfim, tem um espelho”.

Fonte: Náufrago da Utopia

" Não sou economista, nem tão pouco matemático, sou apenas um cidadão que se preocupa com o Brasil e o futuro dos meus filhos, por isso estou na LUTA POR DIAS MELHOR, OU SEJA, ESTOU NA LUTA POR BRASIL MELHOR! Mas gostaria de "sugerir", se possível, se é que posso, já que sou apenas um brasileiro como milhões que estão sem esperança de um Brasil melhor, principalmente agora depois dessas políticas adotadas pelo atual governo! Me diga um coisa senhores presidentes da República, Senado, Câmara e STF. Por que vossas excelência não começam a dar exemplo, começando na diminuição de seus salários, das mordomias, das emendas que quase não chegam nos municípios? Por que os senhores/as não diminuem suas constantes viagens de ida e volta para seus estados de origens para de 15 e 15 dias? Por quê os senhores/as não buscam aprovar leis mais rígidas para aqueles que ROUBAM e DESVIAM os recursos destinados a EDUCAÇÃO, SAÚDE, ETC? Por que o STF não confiscam os bens desses "bandidos de terno" que desviam dinheiro do SUS e da EDUCAÇÃO brasileira e aplicam nas áreas essenciais da população brasileira, como a EDUCAÇÃO, SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL, entre outras? Essa senhores/as são apenas palavras de desabafo de um brasileiro que ainda SONHA POR BRASIL DOS BRASILEIROS, UM BRASIL HONESTO E SOLIDÁRIOS, COM HOMENS SÉRIOS E COMPROMETIDOS COM A NAÇÃO!" - Eduardo Vasconcelos - blogueiro e radialista.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Petrobras tem privatização rejeitada por 55%, diz Datafolha

Petrobras. Foto: Divulgação
Folha conta que a Petrobras segue sendo a mais querida das estatais brasileiras.
Segundo pesquisa do Datafolha, 55% dos brasileiros são contrários à privatização da petroleira. Para um número ainda maior, 74%, a empresa não deveria ser vendida para grupos estrangeiros em hipótese alguma.
No caminho contrário, 30% concordam com a privatização da petroleira, embora só 17% aceitem que ela venha a ficar em mãos de estrangeiros.
Parente é serpente.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM

Liminar que cancelava benefícios de Lula como ex-presidente é derrubada

lula benefícios ex-presidente

Desembargador derruba liminar que suspendia os benefícios de Lula como ex-presidente da República. Decisão contra o petista havia sido determinada por juiz que atendeu pedido do MBL

No último dia 17 de maio, o juiz federal Haroldo Nader determinou que todos os benefícios de Lula como ex-presidente fossem removidos. A decisão atendeu a um pedido do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de extrema-direita capitaneado por Kim Kataguiri e Fernando Holiday (DEM).
Nesta terça-feira (29), a decisão foi revertida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e Lula volta a ter direito aos benefícios.
Ao derrubar a liminar, o desembargador André Nabarrete Neto afirmou que “a simples leitura dos dispositivos mencionados evidencia que aos ex-presidentes da República são conferidos direitos e prerrogativas (e não benesses) decorrentes do exercício do mais alto cargo da República e que não encontram nenhuma limitação legal, o que obsta o seu afastamento pelo Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio da separação dos poderes, eis que haveria evidente invasão da competência legislativa”.
O direito de ex-presidentes da República terem assessoria de agentes do Estado é previsto na Lei nº 7.474/86. Em 2008, no entanto, Lula assinou o decreto 6.381/2008, que diminuiu o número de servidores para assessorar ex-presidentes.
O decreto assinado por Lula na época em que era presidente também diz que esses direitos são exclusivos de quem exerceu o mandato “em caráter permanente”, não atingindo, portanto, quem assumiu a Presidência apenas durante a viagem do atual presidente ou de qualquer forma temporariamente.
Fonte: https://www.pragmatismopolitico.com.br/

domingo, 27 de maio de 2018

Dilma responsabiliza Temer e presidente da Petrobras por greve


 Yahoo Notícias
Ronaldo Silva/Futura Press
A ex-presidente Dilma Rousseff usou as redes sociais para falar sobre a greve de caminhoneiros que afeta o país há 5 dias. A petista culpou o presidente Michel Temer, que foi seu vice, o presidente da Petrobras Pedro Parente, “e todos aqueles que apoiaram e continuam apoiando o governo golpista.”
“Sem meias palavras, a responsabilidade deste colapso é de Michel Temer, Pedro Parente, de todos aqueles que apoiaram e continuam apoiando o governo golpista, além da Rede Globo que está estimulando o pânico e a especulação com os preços dos alimentos”, escreveu em seu Instagram.
Para a ex-presidente a saída para a crise está na recuperação da Petrobras, na renúncia de Parente e no “reestabelecimento da democracia no Brasil”.
“A paralisação do transporte rodoviário no país é resultado direto da política irresponsável de preços de combustíveis da Petrobras sob o governo golpista, que atingiu primeiramente a população mais pobre, com os aumentos escandalosos do gás de cozinha. Trata-se de uma crise anunciada e agravada pelo noticiário da Rede Globo, que estimula a corrida aos postos e supermercados, além da especulação com preços dos alimentos. A Globo investe na crise, como ao longo do golpe do impeachment de 2016”, continuou.
“Na época dos governos do PT os preços do diesel, da gasolina e do gás acompanhavam os preços internacionais em ciclos longos. Os reajustes eram feitos de forma espaçada e moderada, conciliando os interesses da empresa com os interesses maiores do bem-estar público e da eficiência global da economia. Já a gestão golpista da Petrobras adotou uma política de transferência compulsória e imediata das oscilações internacionais para o mercado interno e de maximização dos preços dos derivados, com o intuito único de remunerar os acionistas e tornar a empresa atrativa para as privatizações setoriais a que é atualmente submetida. Tal política, que trata a Petrobras como se fosse uma bolha privada desconectada do interesse nacional, provocou uma volatilidade absurda dos preços, que passaram a ser reajustados, em alguns casos, de forma praticamente diária”.
Dilma encerra a publicação dizendo ser “urgente reverter a política ultraliberal de Pedro Parente, que trata a Petrobras como se fosse uma empresa privada, com foco no lucro de quem detém ações (grande parte estrangeiros), em detrimento do maior de todos os acionistas: o povo brasileiro!”
Fonte: https://br.yahoo.com/noticias

Política - Crise - Temer, um “pepino” para a direita na corrida eleitoral

Temer, um "pepino" para a direita na corrida eleitoral
Ninguém quer aparecer na foto ao lado de Temer
Com o desemprego em alta e a greve dos caminhoneiros, DEM, MDB, PSDB e o “mercado” rifam o presidente. O Congresso retoma a pauta da eleição indireta.
Se havia dúvida, foi desfeita pelos caminhões parados. O presidente Michel Temer tornou-se um “pepino” eleitoral para os donos do poder. Seus parceiros de impeachment na política e no “mercado” desesperam-se. E, na moita, até fazem andar uma lei definidora das regras de uma eleição indireta para o caso de o País ficar sem presidente no biênio final de um governo. 
A agonia direitista ficou evidente em meio à greve dos caminhoneiros. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, comentou que o governo Temer é “distante demais da realidade das pessoas”, em entrevista ao Valor da quinta-feira 24. “A equipe econômica faz o que quer, e o Michel não tem a capacidade de ser árbitro desse jogo e ir dando oxigênio."
Maia é genro de um dos dois mais íntimos conselheiros de Temer, Moreira Franco, ministro de Minas e Energia. Em julho de 2016, dois meses após o presidente assumir o poder, Maia defendeu que Temer deveria tentar a reeleição, para ser “o candidato do nosso campo”. Foi o primeiro figurão a levantar a ideia em público.
Leia também:

Quase dois anos depois, na terça-feira 22, Temer foi obrigado a lançar Henrique Meirelles, seu ex-ministro da Fazenda, por não ter chance de encabeçar uma chapa do MDB. O presidente emedebista, Romero Jucá, líder do governo no Senado, diz a portas fechadas que Temer é um “problema” para a legenda e ninguém do partido quer saber dele por perto na eleição. 
Não é difícil entender o motivo. O governo tem só 5% de aprovação. O desemprego aflige mais gente agora do que quando Temer assumiu. A renda cai. A recuperação econômica é uma miragem. O PIB cresceu apenas 1% em 2017 e, no primeiro trimestre de 2018, pode ter voltado a cair. Um termômetro do Banco Central, o IBC-Br, aponta queda de 0,1%. 
E agora vem a greve nas estradas devido ao preço exorbitante dos combustíveis, algo sentido no bolso por toda a população. Uma paralisação que afetará o PIB do segundo trimestre. Explicada, portanto, a revolta do senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, vice-presidente do Senado. 
“O que se percebe nesse instante é que falta governo, falta articulação no comando do Brasil. Cadê o presidente da República?”, perguntou Cunha Lima na quinta-feira 24. “Não é possível mais que o País continue sem rumo como estamos percebendo nesse instante. A crise é grave e por falta de governo pode se agravar ainda mais”. 
Na véspera da declaração do tucano, o Senado pôs para andar uma lei que fixa as regras de uma eleição indireta, restrita a parlamentares, para o caso de o Brasil ficar sem presidente nos últimos dois anos de mandato do governante. Tinha sido proposta em novembro de 2015, às vésperas da degola de Dilma Rousseff, e ficou parada desde então. Terá serventia agora? 
Seu proponente é o senador goiano Ronaldo Caiado, do DEM, partido de Maia. O autor do parecer a favor é o mineiro Antonio Anastasia, do PSDB de Cunha Lima. Quem botou o texto para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça foi o maranhense Edson Lobão, do MDB de Jucá. Se nenhum senador pedir até 4 de junho para o plenário votar a lei, ela irá direto à decisão dos deputados. 
Pela lei, as candidaturas indiretas teriam de ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral. No dia da eleição, o candidato pertencente a partido com mais de 5% dos votos na última eleição teria 20 minutos para fazer campanha da tribuna. O de sigla com votação inferior a 5%, cinco minutos.
Se faltasse menos de 30 dias para a eleição normal, direta, de outubro, não haveria indireta. O leme nacional ficaria, pela ordem, com o presidente da Câmara, o do Senado e do Supremo Tribunal Federal. 
Maia é presidenciável. Se Temer fosse defenestrado em setembro, iria para a sucessão do emedebista na condição de presidente da República. Baita vantagem para ele e seus aliados do “centrão”. Aliás, DEM, MDB e PSDB tem tentado definir-se como “centro”, e veja-se o que acha o economista neoliberal Armínio Fraga, conforme entrevista ao Estadão do dia 13. “O centro é uma gororoba que, no fundo, é conservadora de maneira muito primitiva. É o conservadorismo para manter poder e dinheiro. Não tem valor.” 
Uma eleição presidencial sem Temer no poder viria bem a calhar à velha direita. Os presidenciáveis desse “campo” parecem contaminados pela impopularidade do presidente da reforma trabalhista, da tentativa de mexer nas aposentadorias, da gasolina a preço descomedido, do PIB patinante, dos 13,7 milhões de desempregados, dos 4,6 milhões que desistiram de procurar trabalho por achar inútil. 
Os pré-candidatos desse “campo” são os campeões de rejeição nas pesquisas. No levantamento CNT/MDA divulgado em 14 de maio, Maia e o tucano Geraldo Alckmin tinham 55%. Meirelles, 48%. Marina Silva, que pela biografia não pode ser tida como direitista, mas que ocupou esse espaço político na eleição de 2014, tinha rejeição de 56%. Sobrou até para a nova (e extrema) direita. A rejeição a Jair Bolsonaro, do PSL, era de 52%. 
Os postulantes da centro-esquerda tinham 46% de rejeição: Lula, Fernando Haddad, ambos do PT, e Ciro Gomes, do PDT. 
O “mercado” está em pânico. Economista-chefe da Spinelli Investimentos, André Perfeito diz que “caiu a ficha” quanto à enorme dificuldade de vitória de um candidato identificado com as reformas de Temer. Seria uma das razões para a alta do dólar. Em maio, a cotação da moeda subiu de uns 3,5 reais para 3,75, o que obrigou o BC a agir para baixá-la um pouco novamente. 
Segundo Perfeito, uma sequência de acontecimentos nos últimos dez dias, como a pesquisa CNT, o IBC-Br do primeiro trimestre, o fim do corte de juros pelo BC e a greve dos caminhoneiros, entre outros, sugere que “não há força no governo”. Mais: “Que a base aliada do próprio presidente está rifando este em praça pública em ano eleitoral”. 
Para se salvar na crise dos caminhoneiros, Temer convocou as baionetas, ao decidir usar o Exército para desbloquear rodovias. Como tinha feito em maio de 2017 contra protestos em Brasília por sua deposição logo após o escândalo JBS/Friboi. E como fez em fevereiro, ao decretar intervenção na segurança pública do Rio.
Fará o mesmo se seus antigos aliados quiserem se livrar do “pepino” eleitoral?
Fonte: Carta Capital

Testemunha chora com medo de depor sobre Paulo Preto, o recebedor de propina do PSDB


Uma testemunha da ação penal na qual o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza responde por desvios de R$ 7,7 milhões ligou chorando para o Ministério Público Federal, com medo de depor. Por decisão da 5ª Vara Criminal de São Paulo, ela será ouvida em sala separada dos réus.

O ex-diretor de Engenharia da Dersa foi preso preventivamente no dia 5 de abril por suspeita de coagir uma mulher também acusada na ação. No dia 11, sexta-feira, ele foi solto por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que viu falta de "comprovação" das ameaças a testemunhas.

Em audiência na última sexta-feira, (18), o Ministério Público Federal afirmou que uma testemunha cujo nome está sob segredo "fez contato telefônico no dia 17/05/2018 com o Ministério Público Estadual, o qual passou-lhe o contato deste MPF, e que após a testemunha entrar em contato, falou com o funcionário Emerson, o qual nos relatou que a testemunha estava chorando, com medo de vir à audiência pois temia que algo lhe acontecesse e temia encontrar os réus".

"Orientei ao funcionário Emerson que ligasse para esta 5ª Vara Federal Criminal para que a Justiça tomasse as providências necessárias a fim de garantir seu testemunho sem constrangimento", afirmou o procurador.

Durante a audiência, uma das testemunhas, cujo nome também está em segredo, também foi ouvida sem a presença dos réus "em razão de manifesto temor", segundo consta na ata.

A juíza Maria Isabel do Prado , da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo determinou que a testemunha que ligou chorando, com medo de depor, também fale à Justiça em sala apartada dos acusados.

"Como registrado, tendo em vista o fundado temor externado pela testemunha, somado ao seu pedido expresso em não travar contato visual com os réus, a teor do art. 217 do CPP, autorizo sua oitiva sem a presença dos acusados na sala de audiências, o que foi anuído por todas as partes presente", anotou.

"Ressalte-se, outrossim, que permanecerão preservados os princípios inerentes ao devido processo legal, ampla defesa e contraditório. De se observar que os acusados permaneceram em sala contígua a este recinto, de molde a poderem ouvir o que foi dito pela testemunha e, ainda, devidamente representados pelas respectivas defesas", decidiu.

PSDB

Além da ação penal por supostos desvios de R$ 7,7 milhões em reassentamentos para obras do Rodoanel Trecho Sul, Paulo Vieira de Souza é investigado por supostamente operar propinas para o PSDB.

Ex-executivos das empreiteiras Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez relataram à Polícia Federal terem feito repasses de 0,75% ao ex-diretor da Dersa no âmbito da construção do Rodoanel. Em cooperação com autoridades Suíças, a Lava Jato descobriu conta atribuída a Souza com R$ 113 milhões não declarados.

Fonte: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br

sábado, 26 de maio de 2018

Quem fingiu que a Guerrilha do Araguaia não aconteceu foi a Rede Globo



Na semana passada, o jornalista Pedro Bial resolveu falar da Guerrilha do Araguaia. O tema volta à agenda depois que documentos da CIA sobre o assunto vieram a público mostrando que os generais sabiam de tudo. Sabiam do massacre e dos assassinatos.
Bial acusou o Exército e o PCdoB de terem fingido que a Guerrilha nunca aconteceu. Mas, quem nunca fez um jornalismo sério e investigativo sobre o massacre promovido pelo Exército contra os militantes do PCdoB e os moradores da região que lutavam contra a ditadura militar foi a Rede Globo de Televisão.

O poder de escrever a história

A Família Marinho acha que tem o direito de escrever a história do Brasil como melhor lhe interessar e, com o passar dos anos, ir fazendo “erratas” e “mea culpas” de acordo com sua conveniência. Foi assim com o editorial em que reconheceu, de forma envergonhada, seu apoio ao golpe e à ditadura.
A distorção proposital dos fatos, quando feita por veículo de comunicação de massa, pode ter muitas consequências, entre as quais a desinformação, dano grave para a imagem da pessoa ou instituição alvo da distorção, gera preconceitos, discriminação e criminalização de grupos sociais.
Essa distorção se agrava e torna-se extremamente perigosa para a própria democracia quando se dá num ambiente de monopólio privado dos meios de comunicação, que impede a pluralidade e a diversidade na circulação de informação, opinião e cultura. Esse é o cenário brasileiro.
No Brasil, o império midiático representado pelas Organizações Globo se constitui num dos maiores oligopólios de comunicação do mundo.
A Família Marinho é dona da Rede Globo de Televisão, presente em todo o território nacional com cinco emissoras geradoras próprias e 118 emissoras afiliadas. Nas TVs por assinatura é dona ou tem participação em 18 canais. É concessionária direta de 3 emissoras de rádio e cerca de 50 emissoras afiliadas pelo país. É dona de jornais e revistas. Atua no setor fonográfico, cinematográfico — é proprietária de uma das maiores produtoras e distribuidoras de filmes no país, a Globo Filmes — editorial, na internet e em outra frentes, inclusive a de eventos.
Os herdeiros de Roberto Marinho — Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto — estão na lista da Forbes dos 10 maiores bilionários brasileiros, com um patrimônio de cerca de US$ 4,3 bilhões cada.
Os Marinho se consideram os donos do Brasil. Eles se julgam no direito de contar a história, mais do que isso, eles querem fazer a história, elegendo e derrubando presidentes, definindo a agenda econômica e social, padronizando a nossa cultura, embraquecendo nosso povo.
O jornalista Pedro Bial, em suas conversas, acusa nos primeiros minutos do seu programa noturno o Partido Comunista do Brasil de ter ignorado a Guerrilha do Araguaia. Ele afirma que a Guerrilha, um dos episódios mais brutais da história do país, foi silenciada pelos dois lados envolvidos: o Exército e o PCdoB, que “sempre preferiram fingir que nada aconteceu”. O jornalista afirma que apenas agora, com a revelação dos documentos da CIA e com o documentário Soldados do Araguaia o tema vem à tona.

A Globo só vê e fala o que quer

Bial convidou para o seu programa dois soldados, o cineasta do documentário Saldados do Araguaia e o professor de relações internacionais e colunista da Folha de S.Paulo para falar do assunto.
Por que será que a Globo não convidou alguém do PCdoB, ou porque será que não convidou alguém que participou da Guerrilha, ou algum camponês da região?
Aliás, por que será que a Rede Globo nunca tratou de forma série deste assunto?
A Rede Globo e seus veículos não deram a menor repercussão ao processo de anistia aos camponeses vítimas da ação do Exército na região do Araguaia, que o Estado brasileiro conduziu no ano de 2010/2011?
A Rede Globo e seus veículos nunca deram visibilidade ao documentário “Camponeses do Araguaia, a Guerrilha vista por Dentro”, do cineasta Vandré Fernandes vencedora do prêmio de melhor filme no 6º Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul e finalista do prêmio Bandeira Paulista na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2011.
Também fingiu que não foi lançado o documentário Osvaldão, também dirigido por Vandré Fernandes, mas aqui em parceria com Ana Petta, Fábio Bardella e André Michiles, em 2014, que conta a história de Osvaldo Orlando da Costa, o comandante da Guerrilha do Araguaia, que foi caçado e assassinado pelo Exército.
Os dois filmes são de produtoras independentes e realizados com recursos provenientes de apoios, entre os quais da Fundação Maurício Grabois, do PCdoB. Osvaldão também foi exibido nos principais festivais de cinema do país, mas foi ignorado pela Rede Globo. Portanto, não é possível dizer que o PCdoB tenha fingido que a guerrilha não aconteceu.
Aliás, parte das “revelações” que a mídia divulga agora como inéditas, estão nestes dois documentários. Mais precisamente a denúncia de que o General Geisel não apenas sabia, como foi um dos mandantes do massacre que o Exército promoveu na região está no filme sobre Osvaldão. Nele há a reprodução do áudio de uma conversa telefônica entre o então ministro da Guerra Ernesto Geisel e o Tenente-Coronel Germano A Pedroso, de janeiro de 1974, onde os dois conversam abertamente sobre as manobras do Exército para eliminar os guerrilheiros e o seu comandante.
Esse episódio só reforça a importância de haver mecanismos de participação social para impedir violações à direitos humanos e impunidade na distorção de acontecimentos pelas empresas privadas de comunicação. Não, não se trata de censura de qualquer tipo, mas de responsabilidade social, de deveres de um concessionário de um bem público para com a sociedade que lhe outorgou, através do Estado, o privilégio de falar para milhões de habitantes por um canal de televisão.
Os donos das canetas e do papel, das tipografias, o poder econômico que ergueu oligopólios privados de comunicação, a mídia hegemônica, os grandes estúdios de cinema, o Estado, esses são os poderosos que ao longo dos séculos têm escrito a história oficial.
Não é de se admirar, portanto, que os fatos que costuram e dão sentido à história são selecionados de maneira a defender os pontos de vistas dos vencedores das guerras, da política, da economia, da luta ideológica.
É preciso democratizar os meios de comunicação para que possamos construir uma sociedade mais democrática, para que seja possível ter um mínimo de equilíbrio na hora de narrar os acontecimentos factuais, alguns deles que, posteriormente, servirão de insumo para contar às gerações futuras uma história que não seja só dos poderosos e vencedores.

Fonte: http://midianinja.org/renatamielli/quem-fingiu-que-a-guerrilha-do-araguaia-nao-aconteceu-foi-a-rede-globo/

O pior da prisão de Lula é a derrota de um projeto e a extinção de uma perspectiva de Brasil

Foto: Ricardo Stuckert
Por Christian Ingo Lenz Dunker
 
 
No Blog da Boitempo
 
Durante seus dois mandatos na Presidência, Lula redescreveu os problemas políticos a partir da alegoria do futebol. Como todo jogo, a política e o futebol possuem regras constitutivas e regras regulativas. As regras regulativas permitem alterar a maneira de jogar sem contudo alterar a essência do jogo. Por exemplo, o futebol pode ser jogado com 11 ou com 5 jogadores, na praia ou na grama, com ou sem uso de câmeras para auxiliar o árbitro. Já as regras constitutivas definem o jogo em si. Sua eventual violação redunda na alteração do nome do jogo que se está a praticar. Por exemplo, um futebol que é jogado com a mão já não pode mais ser considerado futebol pois a regra de jogar com os pés (com exceção do goleiro e das cobranças de lateral etc.) define constitutivamente o que é o futebol. O novo existe, ele pode ser chamado de “manobol”.
 
A aplicação das regras regulativas na política brasileira mostrou-se, desde a destituição de Dilma, flagrantemente seletiva. A lei se pronunciou contrária às “pedaladas fiscais” (que Temer cometeu), avessa à nomeação protetiva de ministros (que Temer cometeu) e crítica da presença de pessoas indicativas de atos ostensivos de corrupção (que Temer também cometeu).
 
Até aqui, o país se polarizou-se em torno do que no futebol se denomina “erro de interpretação”. Faz parte do jogo que um árbitro se equivoque sistematicamente contra seu time. É possível que você escute seu vizinho dizer “roubado é mais gostoso” ou que você deve ir “chorar na cama que é lugar mais quente”.
 
Quando a chapa Dilma-Temer foi “absolvida” apesar de evidências lógicas e materiais em contrário, supôs-se que um novo estilo de arbitragem tinha começado. Um estilo que devia ter levado à cassação de Temer. Mas quando isso não aconteceu, rompeu-se uma perigosa linha. Um time pode ser campeão por meio de um pênalti incorretamente não marcado, como aconteceu recentemente no campeonato paulista. Nesse caso, o vencedor deve estar disposto a admitir que a contingência lhe favoreceu. Ora, deu-se exatamente o contrário no caso da política: os vencedores passaram a gritar esbravejar mais agressivamente ainda, como que para se convencer que sua vitória é sim legítima e incontestável em todos os sentidos.
 
Foi só nesse segundo tempo que algo tornou-se indefinido do ponto de vista da violação das regras. Doravante, as regras regulativas incidirão, sancionadas pela lei, seletivamente contra uns e a favor de outros. Ademais, isso seria apenas a generalização da prática jurídica corrente. Quem tem dinheiro tem justiça. Ao perdedor, nem as batatas. É como se a associação de árbitros, por um infeliz acaso, torcesse contra seu time. Ruim, péssimo: desperta e confirma na realidade o sentimento de injustiça que já é vivido de forma local. Por isso são as minorias as que mais sofrem com a capilarização do golpe. Pois é como se cada chefe de seção, cada pequeno burocrata, cada pai autocrático, cada homofóbico ou preconceituoso tivesse recebido uma mensagem cifrada dizendo: “Agora virou futebol. Torne-se você também um microempreendedor do seu próprio golpe doméstico”.
 
Ou seja, a violência, o uso da força pela posse dos meios de coerção, de dinheiro, de discurso, de instituições está liberado. Mais uma vez, isso apenas generaliza, oficializa e sanciona a percepção geral de corrupção endêmica. Em situação de desemprego e precariedade social ascendente, essa foi a senha para generalizar a “corrupção dentro da lei”.
 
O campeonato se duplica. Como se diz no futebol, é preciso “ganhar na bola e no tapetão”. É preciso enfrentar os efeitos de ressentimento social causados pelo retorno piorado daqueles que “não sabem vencer”, aqueles que, além de ganhar, gozam com a humilhação do outro. Está dado o caldo para uma cultura da vingança. Aumenta a sensação de que a lei não é imparcial, de que a lei tem dono.
 
Chegamos assim ao terceiro tempo deste jogo. Nele, alteraram-se definitivamente as regras constitutivas da política neste país. Para uns, a ideia de suspensão do nosso estado de funcionamento básico expressa pelo mote de que os ricos e poderosos nunca vão para a prisão finalmente foi satisfeita por um caso real de punição exemplar. Para outros, houve uma suspensão das regras constitutivas do jogo, vingança e neutralização instrumental do candidato com maior aprovação popular. Mas notemos que, neste ponto, direita e esquerda unem-se na concordância de que as regras mudaram.
 
Começamos a jogar “futebol com as mãos”. Os próprios princípios do jogo, não apenas sua aplicação seletiva e parcial, são alterados. Um juiz inquerido por Lula diz “não tenho prova alguma, por isso te pergunto e por isso de condeno”. Uma juíza do Supremo Tribunal Federal diz “voto no caso, ainda que discordo do princípio que ele presume”. Não é só “dois pesos, duas medidas” é também a punição exemplar, o uso da raiva, que aflora no lugar dos argumentos. Assim como durante muitos anos os simpatizantes da esquerda fechavam os olhos para desmandos e desvios do governo Lula-Dilma, agora são os simpatizantes da direita que não querem ver que a justiça certa pode ser feita por linhas tortas.
 
Aqui o acirramento dos afetos combina-se com o racismo cultural brasileiro e sua teoria de que a purificação nos salvará. Pelas mãos e pelo uso da teologia política do velho testamento, ressurge o Deus da ira. Tal qual nas guerras de religião, não se trata de vencer um campeonato e perder outro, talvez perder muitos para um dia ganhar. A alteração da regra constitutiva pleiteia a inexistência do outro. Um campeonato onde só meu time jogue… e ganhe toda vez!
 
Aqui termina a analogia com o futebol enquanto luta e conflito simbólico. Surge assim uma sanção regulativa e constitutiva, contrária a ideia de república. Voltamos à política como posse da força e dos meios de coerção. A culpa, quando se sabe dos exageros, das forçagens e das manipulações, é um afeto que facilmente se converte em agressividade. É por isso que tão frequentemente precisamos generalizar, acusar e diminuir o outro para comprar alguns minutos de paz com a nossa própria consciência. Só que uma consciência “comprada” com este tipo de autoengano sempre pede mais. Ela se torna tão mais “gulosa” quanto mais precisa atacar os outros para confirmar a verdade de suas convicções. Formam-se assim blocos cada vez mais genéricos de pessoas-tipo, necessárias para dar corpo ao nosso ódio e a nossa covardia: artistas, professores universitários, “esquerdopatas”, petistas, esquerdistas, gays, são todos espantalhos criados para tentar afastar os corvos que explicam por que a nossa plantação não vai pra frente.
 
Uma vereadora negra, periférica, bissexual e militante de esquerda é executada e políticos e judiciários de alta patente respondem, em uma variante nacional de Trump, dizendo que afinal “os dois lados tem alguma razão”, ou que “ela teve o que mereceu”, ou ainda “ela estava procurando encrenca”. Justiça verdadeira feita por linhas tortas, não é mesmo?
 
É esta a mudança fundamental sobre a percepção social da injustiça que nosso direito e nossas mais elevadas formas jurídicas renunciaram a pensar. Lula foi julgado com gosto e com raiva, cuja legenda é mesmo “manda esse lixo janela abaixo” (dita ao piloto do avião que o transportava para a prisão), pois qualquer um tornou-se juiz (não apenas técnico de futebol), qualquer um se autoriza como carrasco e executor, criando um depositário para que uma vez imolado em sacrifício “tudo volte a ser como dantes no quartel de Abrantes”.
 
O pior aspecto da prisão de Lula é que ela simboliza a derrota de um projeto e a extinção de uma perspectiva de Brasil. Abole-se também a ideia de que é possível partilhar modos de exercer o poder e de o alternar. Sai vitoriosa uma concepção arcaica de poder, baseada na força da pessoa, na posse dos meios e na instrumentalização do Estado. A prisão punitiva de Lula, independente das razões e evidências jurídicas vacilantes, acentua e generaliza a descrença no processo e nas instituições. O espetáculo dantesco de voltas e contravoltas, de casuísmos e de contradições que vem se desenrolando impede que o senso comum forme uma impressão minimamente informada sobre as razões do processo. O problema aqui é que quando o poder  torna-se opaco e demasiadamente complexo para as pessoas comuns a tendência é que cada qual interprete essa opacidade conforme sua própria fantasia. Ou seja, o grande pai salvador, a teoria das maçãs podres, o ideal de purificação, a concepção da família e do sagrado como determinantes políticos fundamentais, a paranoia sobre o estrangeiro, a invisibilidade de certas formas de violência e a hipervisibilidade de outras formas de violência. Essa retomada de nossos piores preconceitos acabou sendo sancionada pela forma como o processo se deu.
 
Para o bem e para o mal é preciso procurar entender por que Lula era o candidato virtualmente mais apoiado para as próximas eleições. Curiosamente, ele representa apesar de tudo certo consenso, a razão conciliatória, que de fato ele colocou em prática, e que para muitos teria sido a razão última da degradação de seu projeto. Ora, essa conciliação desapareceu. Junto com ela foi-se embora esse valor muito importante que se traduz, em termos republicanos, pelo sentimento comum diante da coisa comum, pelo reconhecimento do conflito como razão produtiva da política. Ora, negociar, argumentar, convencer e justificar dá trabalho e envolve dedicação, informação, certa formação política, algum domínio da história e da cultura. Ter uma opinião abrangente é muito mais fácil. O mesmo sujeito que radicaliza agora se desinteressará pela política quando ela deixar de ser a expressão e o suporte para seu próprio ressentimento social.
 
Diante de todas as incertezas que aparecem no horizonte é certo que a maneira como as coisas se deram, a retórica do ódio e a imposição da humilhação aos derrotados só pode redundar em aumento do ressentimento social. Foi assim com a ascensão de Temer e depois com a emergência de problemas ligados a violência de todo tipo, das rebeliões prisionais às chacinas na periferia, da homofobia ao massacre de jovens negros. Não é um acaso. Quando interpretamos que a “autoridade” não se justifica senão pela raiva e pela seletividade, tomamos isso como uma mensagem que autoriza as nossas pequenas opressões e os nossos conflitos cotidianos a deixarem de ser elaborados e tratados “institucionalmente”, por meio do trabalho da palavra, e passamos a nos autorizar a fazer o mesmo com nossos assim entendidos “subordinados”. Se a regra é que “quem pode mais, leva”, ao final quem paga a conta são os menos favorecidos.
 
Christian Ingo Lenz Dunker é psicanalista, professor Livre-Docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Analista Membro de Escola (A.M.E.) do Fórum do Campo Lacaniano e fundador do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. Autor de Estrutura e Constituição da Clínica Psicanalítica (AnnaBlume, 2011) vencedor do prêmio Jabuti de melhor livro em Psicologia e Psicanálise em 2012 e um dos autores da coletânea Bala Perdida: a violência policial no Brasil e os desafios para sua superação (Boitempo, 2015). Seu livro mais recente é Mal-estar, sofrimento e sintoma: a psicopatologia do Brasil entre muros (Boitempo, 2015), também vencedor do prêmio Jabuti na categoria de Psicologia e Psicanálise. Desde 2008 coordena, junto com Vladimir Safatle e Nelson da Silva Junior, o projeto de pesquisa Patologias do Social: crítica da razão diagnóstica em psicanálise. Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.

Fonte: jornalggn.com.br - LUIS NASSIF